"Esta mensagem visa sobretudo estancar esta hemorragia de boatos e especulações, desbloqueando assim o país e imprimindo uma maior dinâmica às nossas instituições da República", referiu, motivando um aplauso generalizado do Parlamento.
Na sala assistiram também à intervenção os membros do Governo, do corpo diplomático, bem como representantes das instituições internacionais que trabalham no país.
"Em nenhum momento o Presidente da República se pronunciou sobre a queda ou não do Governo", referiu.
José Mário Vaz prometeu, "como até aqui", estar "sempre disponível" para apoiar as iniciativas do Executivo "que visem encontrar meios para materializar o seu programa de desenvolvimento económico e social".
O Presidente rejeitou ainda ser "fator de bloqueio na promulgação de instrumentos de governação", pelo contrário, prometeu ser ágil em prol da "dinâmica social e económica" - naquilo que assumiu como um "compromisso sagrado com o povo".
O chefe de Estado disse respeitar a "separação de poderes" e "jamais interferir em atos ou atividades do Parlamento, do Governo ou Justiça", mas sublinhou que não vai abdicar do papel de árbitro.
Nesse âmbito, fez alusão a uma proposta de remodelação governamental que já terá sido tema de conversa com o primeiro-ministro.
O Parlamento aprovou na última semana uma moção de confiança no Governo, mas José Mário Vaz questionou hoje se não teria sido melhor "aguardar pela remodelação" e só depois "expressar confiança no executivo, na sua nova configuração".
"É este um dos novos desafios de clarificação política que se impõe", sublinhou.
Tal como foi aprovada, a moção apoia a atual composição do Governo "com todas as suas qualidades e deficiências", referiu, mas sem especificar.
"O espírito da nossa conduta é de um comandante atento aos movimento dos remos e direção dos ventos, pronto a corrigir qualquer veleidade ou desatenção da tripulação, para garantir uma navegação correta, segura e o atracar do navio em bom porto", destacou o chefe de Estado.
José Mário Vaz reconheceu que "as relações institucionais entre os órgãos de soberania poderiam ser melhores do que são atualmente".
Sem nunca referir nomes, disse que a culpa é do "esforço de afirmação, necessidade de visibilidade política" e "empenho na delimitação de áreas de competência exclusiva".
Atitudes tomadas "por alguns de nós" e que "não têm produzido efeitos convergentes com os propósitos iniciais de estabilidade política das nossas instituições".
Para que isso aconteça, pede diálogo e compromissos - a que o primeiro-ministro também apelou na última semana.
Se este ambiente institucional, aquém do ideal, que reina em Bissau "não tivesse sido conduzido com maturidade e elevado espírito de Estado, podia ter degenerado numa grave crise política, suscetível de pôr em causa o regular funcionamento das instituições e que forçaria o Presidente da República a tomar medidas corretivas", acrescentou José Mário Vaz.
O primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, na primeira fila da assembleia, disse ter ouvido a intervenção do Presidente da República " com atenção".
"Iremos tirar todas as ilações que se impõem", referiu.
Sobre a remodelação governamental a que o chefe de Estado fez referência, Simões Pereira nada acrescentou.
"Falei com o Presidente da República sobre um conjunto de ajustes, provavelmente é a isso que ele se refere", concluiu.
Os dois dirigentes guineenses foram eleitos em 2014, repuseram a ordem constitucional após o golpe de Estado de 2012 e têm merecido o apoio generalizado da comunidade internacional - que nos últimos tempos tem olhado com preocupação para as desavenças políticas entre ambos.