Em entrevista telefónica, a responsável disse que na quinta-feira o 'rover' experimentou pela primeira vez "fazer uns toques, com um pouco de percussão, para perceber as propriedades da rocha".
Apesar de sondas anteriores terem já raspado a superfície de Marte, a ‘Curiosity’ é a primeira com capacidade de perfurar o solo e recolher um pedaço do interior da rocha, o que deverá fornecer uma amostra livre de qualquer alteração provocada pelo clima ou pela radiação.
A equipa da agência espacial norte-americana que controla a 'Curiosity' tem estado a preparar-se para a sua primeira perfuração e, depois da primeira utilização do equipamento, haverá "mais algumas actividades de caracterização" para garantir que tanto a rocha como a broca se comportam como esperado.
"Dentro de dois ou três dias vamos perfurar", disse a especialista em astronáutica, explicando que a amostra recolhida na perfuração entra para um compartimento na broca que a processa e depois a entrega aos instrumentos de análise química e orgânica.
"Com sorte conseguimos recolher seis porções para entregar aos instrumentos de análise. É aí que achamos que vamos recolher uma série de dados interessantes sobre a composição da rocha", disse a cientista.
Desde que aterrou na enorme cratera Gale, no solo de Marte, a 06 de agosto, a ‘Curiosity’ já percorreu cerca de 700 metros e encontra-se agora numa pequena depressão chamada Yellowknife Bay.
Esta zona, disse Trosper, "foi afectada por água, tem componentes geológicos distintos" e por isso foi escolhida para a primeira perfuração.
O local escolhido para o primeiro furo - ao qual a equipa deu o nome de John Klein em homenagem a um recém-falecido engenheiro da NASA que trabalhou no projecto - é uma rocha sedimentar de grão muito fino, que apresenta veios do que parece ser sulfato de cálcio.
Estes veios, disse Trosper, indicam a presença de água no passado.
A missão da 'Curiosity' é tentar determinar se a cratera de Gale terá tido alguma vez ambientes capazes de suportar vida bacteriana e perceber a composição da rocha é crítico para essa investigação, já que os depósitos na cratera terão em si o registo geoquímico das condições em que se formaram.