"Não é possível que isso ainda exista, que continuemos cegos" para o problema da escravatura moderna, afirmou Ana Laura Perez Jaimes, que passou cinco anos acorrentada e forçada a trabalhar 20 horas por dia, no México, aos participantes no encontro organizado pelo papa Francisco.
A sua compatriota Karla Jacinto, abusada física e sexualmente pela própria família, descreveu como foi encerrada num ciclo de exploração entre os 12 e os 17 anos, quando foi forçada a ter relações sexuais com mais de 42 mil clientes.
Cerca de 60 autarcas, provenientes dos EUA, Europa e América do Sul, também deram testemunho sobre o aquecimento global, que é uma das preocupações do papa Francisco, antes da conferência que a Organização das Nações Unidas está a preparar, que vai decorrer em Paris e visa produzir um histórico acordo para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
"Tenho a grande esperança que a cimeira de Paris vá conseguir um acordo essencial", disse o papa aos participantes.
O presidente da Câmara de Nova Iorque ('mayor'), Bill de Blasio, afirmou que a cimeira de Paris "deve ser vista como uma meta" e que "o papa convocou (os autarcas) não para ratificar o 'statu quo', mas para acabar com este", acrescentando que a sua administração vai trabalhar para reduzir as emissões de dióxido de carbono em 40% até 2030.
O governador do Estado da Califórnia, Edmund Brown Jr., disse que os autarcas têm de juntar forças e combater pela mudança perante "uma oposição feroz e uma inércia cega", apesar das centenas de milhões de dólares gastos em propaganda e falsificação de registos científicos".
Muitos argumentam que fenómenos como a prostituição e o tráfico de pessoas têm de estar no centro dos esforços para conseguir o desenvolvimento sustentável.
"A agenda ambiental é inseparável da agenda social", afirmou o 'mayor' de São Paulo, Fernando Haddad.