Inquérito ao assassínio de Litvinenko acaba com viúva a acusar Putin

O inquérito judicial sobre o assassínio do ex-espião russo Alexandre Litvinenko terminou hoje em Londres, com a viúva a acusar o Presidente Vladimir Putin e o Executivo de Moscovo a criticar a ação britânica.

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Lusa
31/07/2015 22:02 ‧ 31/07/2015 por Lusa

Mundo

Rússia

Depois da última audiência, hoje realizada, o juiz Robert Owen indicou que tenciona divulgar as suas conclusões até ao final do ano.

A defesa da viúva de Litvinenko, assassinado por envenenamento com polónio em 2006, em Londres, apelou hoje, último dia do inquérito público iniciado em janeiro, à justiça britânica para que responsabilize o Presidente russo pelo assassínio.

"Vladimir Putin é acusado deste assassínio com base em provas sólidas e diretas, (com) as melhores provas suscetíveis de serem encontradas no quadro das atividades criminosas secretas e corruptas do Kremlin", disse na audiência Ben Emmerson, o advogado que representa Marina Litvinenko e o seu filho Anatoly.

Qualificou depois Putin como um "déspota de pacotilha" e um líder "autoritário perturbado moralmente", acusando-o de ter decorado um dos dois suspeitos do assassínio, Andrei Lugovoi, o que considerou ser "uma tentativa grosseira de intimidar o inquérito" público britânico.

Este inquérito público sobre o assassínio de Alexandre Litvinenko foi ordenado pelo governo britânico. Ao contrário do que o seu nome indica, decorreu à porta fechada, o que permitiu o exame de documentos sensíveis para determinar a eventual implicação do Estado russo no assassínio deste seu dissidente e opositor.

"Acredito que a verdade foi revelada finalmente. Os assassinos e os seus patrocinadores foram desmascarados", declarou Marina Litvinenko no final da audiência.

"O meu marido foi morto por agentes do Estado russo, no que foi o primeiro ato de terrorismo nuclear nas ruas de Londres. Isto não poderia ter acontecido sem que Putin estivesse ao corrente e desse a sua autorização", acrescentou, perante o edifício do Real Tribunal de Justiça de Londres.

Em Moscovo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros qualificou o inquérito como "seletivo e politizado".

Em comunicado, o Ministério argumentou que "a seletividade dos inquiridores e a sua recusa em considerar as opiniões dos serviços russos competentes é uma prova suplementar que o Reino Unido não tenciona abandonar a politização deste processo e uma interpretação arbitrária das circunstâncias deste caso".

Dmitri Kovtun e Andrei Lugovoi, antigos agentes dos serviços de informações russos, são suspeitos pela polícia britânica de terem envenenado Alexandre Litvinenko num hotel londrino em 01 de novembro de 2006.

Depois de ter tomado um chá com eles, Litvinenko, um ex-espião do FSB, que sucedeu ao KGB, começou a sentir-se mal e morreu três semanas mais tarde, envenenado por polónio-210, uma substância radiativa extremamente tóxica e praticamente indetetável, tornando-se a primeira vítima conhecida de um "assassínio radioativo".

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