"Os países europeus que transformaram o Mediterrâneo num cemitério de migrantes partilham a responsabilidade de cada refugiado morto", afirmou o presidente islâmico-conservador turco, em declarações na capital turca, Ancara.
Na quarta-feira, a fotografia de Aylan Kurdi, o menino sírio de três anos cujo corpo deu à costa na praia turca de Bodrum, tornou-se viral no mundo inteiro, provocando uma vaga de indignação e de consternação.
Com o seu pai, o único sobrevivente da família, a sua mãe e o seu irmão Galip de cinco anos, o menino sírio viajava numa pequena embarcação que tentava alcançar a costa grega.
"O corpo de uma pequena criança de três anos foi encontrado nas nossas praias. Será que a humanidade não deve ser responsabilizada?", questionou o líder turco, diante de uma plateia de empresários, na véspera de uma reunião dos ministros das Finanças e dos governadores dos bancos centrais do G20 (as 20 maiores economias do mundo) em Ancara.
"Não são apenas os migrantes que se estão afogar no Mediterrâneo, mas também a nossa humanidade", sublinhou o chefe de Estado turco, que denunciou a recusa dos países europeus para acolher mais refugiados sírios nos respetivos territórios.
Erdogan aproveitou a ocasião para recordar que a Turquia acolhe atualmente perto de dois milhões de refugiados sírios que fugiram da guerra civil que afeta a Síria há quatro anos, ao abrigo de uma política de "porta aberta".
"Não abandonamos as pessoas que fogem de bombas porque somos humanos", frisou o Presidente turco, acrescentando, no entanto, que não é justo sobrecarregar alguns países, nomeadamente a Turquia, com um problema de contornos mundiais.
"Os países europeus que estabeleceram os critérios para os direitos humanos e as liberdades fundamentais estão agora a virar as costas a esses princípios", concluiu.