Milhares de pessoas têm deixado para trás as suas casas e a sua vida. Uns para fugirem à guerra que assola a Síria, outros para encontrar melhores condições de vida. Mas todos têm uma coisa em comum: escolhem a Europa para recomeçar uma nova vida.
Mas está a Europa preparada para receber estas pessoas? António Guterres considera que a assistência dada atualmente é “completamente insuficiente e desorganizada”.
“E depois cada país toma medidas, umas diferentes da dos outros, que causam, em certas situações, como aconteceu recentemente na Hungria e como tinha acontecido na Macedónia, bloqueios, situações de violência, o que para populações como as que fugiram da Síria é verdadeiramente inadmissível”, considerou aos microfones da Rádio Renascença.
Nesta senda, o Alto Comissário da ONU para os Refugiados considera que a “Europa tem a obrigação de oferecer um mecanismo eficaz de receção, de triagem de necessidades e de registo”.
“E depois com a disponibilidade necessária de todos os países europeus, de receber estas pessoas com dignidade e lhes proporcionar um futuro”, sublinhou, acrescentando que “se a Europa estiver organizada isto é perfeitamente gerível”.
Mas para isso é “preciso que a União, os Estados membros ponham na Grécia, na Hungria e na Itália instalações de receção adequadas que deem a assistência que é necessária (…) e depois que haja um mecanismo de relocalização para todos os Estados europeus de todos aqueles que forem reconhecidos como verdadeiros refugiados ou com necessidades de acordo com a lei internacional”.
Apesar das dificuldades logísticas, António Guterres tem “esperança” numa solução para estes milhares de pessoas que todos os dias colocam a vida em risco para chegar a território europeu. E esta esperança é baseada na “força dos valores que são valores europeus de compaixão e de solidariedade” que têm sido demonstrados por diversos europeus de diferentes Estados membros.
A criação de plataformas de apoio a refugiados, a disponibilidade de alguns europeus para receberem os migrantes em casa está a “ensinar aos governos o que eles devem fazer”, mostrando que “as coisas estão a mudar e que a sociedade europeia está ela própria a assumir os valores europeus”.