A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) disponibilizou 300 toneladas de sementes classificadas, para responder às diferentes características agroecológicas das províncias de Manica, Sofala e Zambézia (centro) e Nampula (norte), vendidas de forma bonificada aos camponeses, numa iniciativa financiada pela União Europeia.
Em declarações hoje à Lusa, Walter Oliveira, coordenador da FAO em Moçambique para o indicador da redução da fome nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, disse que a baixa qualidade de produção no país se deve particularmente à falta de acesso a semente e insumos de qualidade, aliada à fraca educação agrária dos camponeses.
"Com o novo sistema, estamos em 11 distritos e temos uma previsão de multiplicar por três a produção, em termos de rendimento por hectare", afirmou Walter Oliveira, durante o lançamento oficial no país do "voucher eletrónico", o cartão que facilita o acesso às sementes.
A FAO lançou hoje em Munhinga, distrito de Sussundenga, em Manica o "voucher eletrónico" em Moçambique - um projeto-piloto que disponibiliza dois grupos de cartões para apoiar os camponeses no acesso a sementes de qualidade, através de vendedores de insumos, e assim melhorar o controlo da produção.
O lançamento coincidiu com as chuvas que deram início à sementeira da agricultura de sequeiro, praticada por quase 90% dos camponeses em Moçambique.
"Se a iniciativa for levada para todos os distritos do país, como estamos à espera, o aumento de produtividade vai ser muito grande em Moçambique", declarou Walter Oliveira,
Por sua vez, Marcelo Chaquisse, diretor nacional adjunto do serviço Agrário no Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar, disse que as semente chegavam tarde aos camponeses quando o Governo procedia à sua distribuição direta, classificando o "voucher eletrónico" como o mecanismo sustentável de provisão de sementes e insumos.
Inspirado no sucesso no programa de proteção social e combate à fome e pobreza do Brasil "Bolsa Família", o "voucher eletrónico" vai permitir agregar a canalização de ajuda do Governo, da FAO e de outras organizações parceiras para os camponeses beneficiários.
O cartão eletrónico e o sistema operacional foram desenvolvidos por uma firma japonesa e em Moçambique esta a ser gerido por técnicos nipónicos da empresa Agronegócios para Desenvolvimento de Moçambique (ADM).