"Após nove em cada dez Prémios Nobel de Economia o terem dito, após os estudos do FMI e numerosos outros organismos o terem demonstrado", escreve o escritor Miguel Sousa Tavares, este sábado no semanário Expresso, "o PSD parece começar, enfim, a vislumbrar a desgraça do caminho que a troika nos impôs e a que o cavaleiro andante Passos Coelho tão alegremente se entregou.”
Acontece que “ele, porém”, o primeiro-ministro e líder do PSD, “ainda não”. E porquê? “Por ignorância e maus conselhos,”, conclui.
Na opinião do escritor e comentador político, Passos Coelho “prefere acreditar nos que lhe garantem que tudo o que de mau está a acontecer ainda é culpa de José Sócrates, e mesmo quando alguém lhe tenta explicar racionalmente que só para pagar o serviço da dívida (…) era preciso que o PIB crescesse 4% ao ano, (…), ele [o primeiro-ministro] encolhe os ombros e repete frases feitas”.
Frases essas, sublinha Sousa Tavares, “que aprendeu com os nossos génios económicos que lhe fizeram a cabeça, depois de terem aprendido a técnica no Goldman Sachs ou outras escolas do crime.”
“Havia, sim, outro caminho, mas teria sido preciso alguém com dimensão para o escolher e o impor”, considera o escritor, concluindo que “desgraçadamente” o fado que acabou por “se abater sobre nós foi uma tempestade perfeita: Passos Coelho no Governo, Seguro na oposição, Cavaco na presidência e Merkel na Europa”.