O número de candidatos ao Ensino Superior registou este ano uma diminuição de 4.659, em comparação com o ano lectivo anterior, um fenómeno que não se deveu essencialmente à ‘queda’ da natalidade, escreve o Público.
Ouvida por aquele jornal, a demógrafa e professora da Universidade do Minho, Alice Delerue Matos, explicou que “o número de candidaturas decresceu de forma muito mais nítida do que a natalidade”. Isto porque, apesar de o número de nascimentos ter baixado, “não constitui o principal factor explicativo”.
Uma das razões apontadas pela professora de Demografia da Universidade de Coimbra Fernanda Cavidão, para tornar este ano no quinto consecutivo em que houve redução do número de candidatos ao Ensino Superior, é a emigração. De acordo com a especialista, “é cada vez maior a saída para o estrangeiro de jovens ainda antes de entrarem na universidade, muitos antes sequer de acabarem o secundário”, e que possivelmente prosseguiriam os estudos no País.
Por seu turno, a investigadora em política e administração educacional da Universidade de Lisboa Luísa Cerdeira, que produziu o estudo ‘O custo dos estudantes no Ensino Superior Português’, julga que esta diminuição se justifica com os “motivos económicos”, sendo que as famílias estão “em dificuldades para conseguir pôr os filhos a estudar”. Além disso, pesa o “número de pessoas que concluiu o ensino secundário”, que devido a chumbos e médias baixas se vêem afastados das universidades, e ainda “a percepção de que o investimento em educação não vai ter retorno no futuro”.