Desde 23 de setembro foram colocados 442 professores de educação especial, estando ainda 3560 docentes à procura de escola, segundo a lista de recrutamento hoje divulgada.
Três semanas após o arranque do ano letivo, o trabalho de seleção de professores ainda parece estar longe de terminar em várias escolas do país.
Encarregados de educação e docentes têm-se manifestado contra a situação que obriga algumas crianças a ficar em casa estando marcada para hoje uma manifestação em frente ao Ministério da Educação e Ciência.
No agrupamento de escolas de Benfica, em Lisboa, o diretor continua o trabalho de contratação de professores e acredita que até ao final da semana conseguirá encontrar docentes para os cinco horários que lhe falta preencher.
"Convoquei 15 professores para cinco horários do ensino especial para aparecerem na segunda-feira de manhã. Nem um compareceu. Entretanto contactámos telefonicamente 40 e tal e temos neste momento um lote de 13 ou 14 para a entrevista. Vamos ver, espero que apareça alguém", desabafou Manuel Esperança, diretor do agrupamento de Benfica.
Manuel Esperança é também presidente do Conselho de Escolas e é enquanto porta-voz desta entidade que diz que este é um drama que a maioria dos diretores de escolas TEIP ou com contrato de associação está a viver.
"Cá estamos nesta luta a ver se tudo fica resolvido até sexta-feira", concluiu Manuel Esperança, que vai pedir uma reunião no MEC para debater o processo de contratação de docentes.
Também o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) se queixa da dificuldade de contratação: "Andamos a tentar pescar professores que tenham formação, mas tem sido muito difícil. Já vamos na oitava tranche", desabafou Manuel Pereira, que é também diretor do agrupamento de escolas General Serpa Pinto, em Cinfães.
"Existem cerca de 170 escolas TEIP e com contrato de associação e é com estas escolas que está a haver problemas, porque as vagas são preenchidas por oferta de escola", explicou o presidente da ANDE.
Ao contrário de Manuel Esperança, que acredita ter a solução resolvida até ao final da semana, Manuel Pereira não faz ideia de quando poderá sossegar os pais.
"Não tenho a mais pequena noção de quando a situação estará resolvida. Tenho imensas crianças a necessitar de apoio específico e a maioria está nas escolas mas precisavam de um apoio que não estão a ter", admitiu Manuel Pereira.