Francisco Rita, presidente da recém-formada Associação dos Médicos Portugueses de Radiologia (AMPR), explicou à agência Lusa que são cada vez maiores as pressões sobre estes profissionais, no sentido de realizarem mais exames.
Esta pressão é mais significativa nas empresas convencionadas com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) que, para ganharem os concursos de prestação de serviços, oferecem preços cada vez mais baixos, com a respetiva redução do valor pago ao clínico, disse.
"Há radiologistas a receber oito euros por uma TAC [Tomografia Axial Computorizada], para a qual podem ter de ver até mil imagens", afirmou Francisco Rita, que se questiona sobre a qualidade do trabalho prestado nestas condições.
"Se o médico não estiver devidamente concentrado e com o tempo necessário, o diagnóstico pode passar-lhe ao lado", avançou.
Já no caso da Ressonância Magnética, o valor recebido hoje em dia é de 12 euros, quando há menos de dois anos ultrapassava os 45 euros.
Nos hospitais públicos, estes profissionais queixam-se de ser cada vez mais chamados a realizar os exames dos seus utentes e dos encaminhados pelos centros de saúde, com uma pressão "cada vez maior".
Segundo este profissional, a crise no setor está igualmente a travar investimentos na área e que são fundamentais "para a existência de uma margem de erro cada vez menor".
"A evolução do equipamento ajuda na qualidade, mas quem é que pode fazer investimentos nos tempos atuais, principalmente em materiais tão dispendiosos?", questionou-se.
A juntar a estes receios dos radiologistas, o novo regime das convenções também preocupa estes profissionais, para quem a nova lei vai levar ao encerramento das empresas, que não vão conseguir competir com os grandes grupos e fecharão as portas se perderem o contrato com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Todas estas apreensões terão sido transmitidas em documento enviado ao ministro da Saúde pela AMPR, que espera ser recebida por Paulo Macedo.
Contas desta associação aponta para a existência de 700 médicos radiologistas em Portugal, um número "manifestamente inferior" às necessidades.