Num e-mail a que a Lusa teve hoje acesso, o candidato derrotado nas eleições para a Câmara do Porto critica Rio, os seus vereadores e a "máquina" autárquica de "tudo" ter feito para derrotar" a sua candidatura, censura a "verdadeira cruzada" travada pela comunicação social, o "CDS institucional e o seu líder" e até a crise que afeta a imagem do PSD.
"Foi uma luta contra um momento político, económico e social devastador para a imagem do partido em que milito há mais de 30 anos. Contra largos setores da comunicação social e da opinião publicada, que desenvolveram uma verdadeira cruzada contra a possibilidade do Porto mudar da forma que preconizávamos", justifica Menezes, numa mensagem de correio eletrónico enviada na terça-feira a militantes portuenses do partido, hoje divulgada pelo Diário de Notícias.
Numa mensagem em que agradece aos apoiantes e reconhece "responsabilidades pessoais", o social-democrata alerta ainda para a luta "contra um presidente de Câmara em funções [Rui Rio], ainda por cima militante da mesma maioria [PSD], que tudo fez, com os seus vereadores e máquina da câmara municipal, para derrotar" a sua candidatura.
"Foi uma luta contra uma querela política-jurídica, que só foi esclarecida escassos 25 dias antes do ato eleitoral! Contra alguns, poucos, mas mediaticamente protegidos, conhecidos e influentes militantes do PSD. Contra o CDS institucional e o seu líder, parceiros empenhados da coligação em funções governativas no país e em Gaia", observou Menezes.
Na mensagem, Menezes destaca que o projeto por si apresentado para a cidade era, "sem maniqueísmos auto convencidos, o que melhor serviria Portugal nesta complexa encruzilhada histórica" e sustenta que o mesmo "não vai morrer".
"O repovoamento da cidade, o combate às suas assimetrias sócio económicas, a imposição internacional da Marca Porto, a internacionalização da sua Universidade, a perenização de uma grande cidade de Turismo Cultural e de Congressos, a aposta na Cultura e nos seus agentes, a capacidade autónoma para captar investimento e crescer, a definição do conceito da cidade região cuja dimensão vai de Coimbra ao Cantábrico, constituíam traves mestras de uma ideia que não vai morrer", sustenta.
Explicando que "um mês após a realização das eleições autárquicas é o momento" de "formalmente agradecer a generosidade e a solidariedade" dos que o "acompanharam durante um longo ano de combate político", Menezes observa ter perdido "uma importante batalha", mas sustenta ter desenvolvido "um enorme exercício de militância cívica".
"Foi um combate difícil, o que se conhecia de antemão", observou.
Menezes avisa que as responsabilidades imputadas a outros não aligeiram as suas "responsabilidades pessoais", que diz não alienar e assumir "por inteiro".
"Conhecia-as e pensei que, em conjunto, as superaríamos", justificou.
O social-democrata reconheceu a "campanha ativa e forte e, principalmente, um programa globalmente coerente, ficam como legado importante de um magnífico percurso".
"Assim não o acharam os eleitores cuja soberania nunca contestamos e muito respeitamos. Cabe-nos desejar muita boa sorte aos eleitos para governar, cabe-nos ser uma oposição responsável e construtiva", conclui.
Candidato pela coligação liderada pelo PSD, Luís Filipe Menezes ficou em terceiro lugar nas autárquicas, com 21,06% dos votos, elegendo três vereadores.
O independente Rui Moreira conquistou 39,25 % dos votos (seis eleitos), contra 22,68% do PS (três eleitos).