PSD admite chamar investigadores da morte de José Moreira ao parlamento

O PSD admitiu hoje chamar à comissão parlamentar de Camarate os investigadores da morte de José Moreira, tida em 1983 como acidental mas que hoje foi afastada "perentoriamente".

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Lusa
05/11/2013 13:03 ‧ 05/11/2013 por Lusa

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Camarate

"Que era uma testemunha fundamental, era. Que não pôde falar porque morreu na véspera de vir à comissão, também. São tudo dados que indiciam claramente que há aqui matéria para explorar. Acho que têm de ser ouvidos também os investigadores que apuraram o acidente", declarou aos jornalistas o deputado do PSD Pedro do ó Ramos.

O Parlamentar falava depois do presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), Duarte Nuno Vieira, ter dito hoje que algumas autópsias no seguimento da tragédia de Camarate tiveram "insuficiências" e "deficiências" hoje em dia difíceis de aceitar.

Duarte Nuno Vieira foi ouvido pelos deputados em conjunto com a médica especialista Rosa Henriques de Gouveia sobre as mortes de José Manuel Silva Moreira e companheira.

José Manuel Silva Moreira, que detinha um avião que foi usado ao serviço da campanha presidencial do general Soares Carneiro, era tido como uma testemunha decisiva na I comissão de Camarate e deveria ter sido ouvido no parlamento dias depois de ter morrido.

A morte do proprietário de aviões foi na altura tida como acidental, por via de uma falha de gás, com os médicos especialistas hoje ouvidos no parlamento a admitirem outros cenários para o óbito.

O deputado do PSD Pedro do ó Ramos lembrou que os médicos especialistas "afastaram perentoriamente a possibilidade de acidente" até porque se deu nas vítimas o rebentamento dos alvéolos pulmonares, o que "só pode acontecer por homicídio, em acidente por ingestão de monóxido de carbono nunca poderá acontecer".

Já o deputado do CDS-PP Ribeiro e Castro foi mais longe, declarando que com as novidades de hoje há "razões mais que suficientes" para solicitar à Polícia Judiciária e ao Ministério Público uma "reavaliação de todo o caso", mesmo que esta morte em concreto "não tenha a ver com Camarate".

A parlamentar socialista Inês de Medeiros, por seu turno, realçou que as hipóteses de homicídio de José Moreira e da companheira são "muito elevadas" mas trazem um "novo caso" para a comissão, a procura de um "nexo de causalidade entre este caso e Camarate.

A X comissão de inquérito ao caso Camarate visa averiguar as "causas e circunstâncias em que, no dia 4 de dezembro de 1980, ocorreu a morte do primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, do ministro da Defesa Nacional, Adelino Amaro da Costa, e dos seus acompanhantes".

O Fundo de Defesa Militar do Ultramar e o comércio e exportação de armamento são as duas principais linhas de investigação seguidas pela X comissão.

Uma anterior auditoria às contas do gabinete do CEMGFA entre 1974 e 1980 detetou "diversas discrepâncias contabilísticas" e estabeleceu "ligações financeiras entre o gabinete e o FDMU, evidenciadas pelas transferências entre contas", lê-se no relatório da VIII comissão.

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