“Ele foi sujeito a uma lavagem cerebral durante oito anos. No Colégio Militar os alunos só conseguem ver as tradições, não conseguem abrir os horizontes e ver as coisas de outra maneira”, afirmou, ontem, um oficial do Colégio Militar, referindo-se ao arguido R. Capicho, na sessão de julgamento que envolve oito ex-alunos acusados de maus-tratos a colegas.
Citado pelo jornal i, o antigo professor Pinto Pereira, que foi instrutor de 10 processos de averiguações a alunos por castigarem colegas mais novos, garantiu ter conhecimento de “muitas situações de castigos físicos, alguns deles graves” e que “ num ano chegaram a ser abertos 80 processos a alunos graduados por passarem das marcas com os mais novos”.
A falta de recursos humanos para vigiar ao alunos, nomeadamente durante a noite, é uma das falhas apontadas pelo major, que explicou que “era difícil saber o que se passava porque os miúdos não se queixavam”. “Havia um voto de silêncio e eu tinha dificuldade em falar com eles abertamente”, contou.