"Sou um grande amigo de Sócrates e penso que ele está a passar pelo mesmo porque depois de dois anos em Paris também é outro homem com uma cultura que não tinha antes", disse hoje Mário Soares em Paris ao ser homenageado por aquela Câmara Municipal.
José Sócrates esteve presente hoje, na Câmara Municipal de Paris, na homenagem prestada pelo presidente da Câmara da capital francesa ao ex-presidente da República Mário Soares, que recebeu a Medalha de Vermeil de Paris.
O ex-presidente da República considera que foi durante o seu exílio de quatro anos, em Paris, que aprendeu a fazer "boa política" e não sabe como seria a sua volta a Portugal, uma semana depois da Revolução dos cravos em 1974, se não fosse o que aprendeu na sua passagem pela Cidade Luz.
Mário Soares acrescentou que o ex-primeiro ministro português aproveitou "com modéstia" o ensinamento francês.
José Sócrates saudou, por seu turno, o político com "alma de guerreiro", que considera ser "uma referência dos socialistas portugueses e alguém que compreendeu bem qual era o papel histórico que os socialistas deviam desempenhar a seguir à revolução portuguesa".
O ex-primeiro ministro considera que a homenagem a Mário Soares "num momento em que a esquerda está no poder [em França]" é "como uma homenagem a alguém que em determinado momento, nos anos setenta, deu o mote para uma esquerda europeia e fez daquilo que é a liberdade e a igualdade os seus ideais de governação".
Sócrates acrescentou que a Europa está a "viver momentos excecionais" em que "tem que fazer escolhas".
"O que estamos a viver é realmente um momento que nunca pensámos que podíamos viver, em que a Europa está a acentuar o fosso entre o norte e o sul, em que se quebrou um consenso entre a esquerda e a direita à volta de um modelo europeu. E por isso são cada vez mais necessárias as vozes de todos os políticos, da esquerda e da direita, e em particular das vozes experientes como é o caso de Mário Soares", concluiu.