Ricardo Sá Fernandes defende que o Ministério Público (MP) deve chamar Fernando Pinto Monteiro a denunciar os nomes dos "jornalistas e particulares" que têm em seu poder cópias das escutas telefónicas destruídas no processo Face Oculta, que envolviam o ex-primeiro-ministro José Sócrates.
Pinto Monteiro, na SIC Notícias, mostrou-se despreocupado com as intercepções telefónicas realizadas em 2009 ao telefone de Armando Vara. Para o ex-procurador-geral da República, as escutas não continham "nenhuma matéria crime", e por essa razão foram destruídas por Noronha de Nascimento, então presidente do Supremo Tribunal de Justiça, entre Julho e Novembro de 2009.
Segundo o ex-PGR, as cassetes podiam ser ouvidas “na Sé de Braga ou no Castelo” e transmitidas “pelos altifalantes que não há lá nada".
Ricardo Sá Fernandes, advogado de Paulo Penedos, também arguido no processo Face Oculta, disse ao jornal i que, “se o dr. Pinto Monteiro sabe que há pessoas que tiveram acesso a essas escutas, tem a obrigação de denunciar essa situação ao Ministério Público para abertura de uma investigação. Se sabe a identidade das pessoas, tem de identificá-las". Para Sá Fernandes, caso Pinto Monteiro não tome a iniciativa, deve ser o MP a fazê-lo.
Sá Fernandes põe em causa a posição assumida por Pinto Monteiro e questiona “se são assim tão irrelevantes porque não as divulgaram ou porque não promoveram o acesso às mesmas? Se são irrelevantes porque as destruíram?”.
Recorde-se que ainda existem várias escutas que envolvem José Sócrates nos autos originais do processo Face Oculta. Trata-se de escutas de voz e de sms que também receberam uma ordem de destruição assinada por Noronha de Nascimento.