Ministros analisam violência na Saúde. Ordem pede intervenção urgente

Os ministros da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e da Saúde, Marta Temido, reúnem-se hoje em Lisboa para analisar os recentes episódios de violência contra profissionais de saúde e estudar novas medidas de segurança. Por sua vez, a Ordem dos Médicos considera estas agressões crimes públicos repugnáveis e pede uma intervenção urgente da tutela e das autoridades judiciais nestes casos.

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Notícias Ao Minuto com Lusa
07/01/2020 06:02 ‧ 07/01/2020 por Notícias Ao Minuto com Lusa

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A reunião entre os dois governantes vai decorrer no Ministério da Administração Interna (MAI) e servirá, segundo uma nota conjunta, "para analisar os episódios recentes e estudar novas medidas para garantir a melhoria da segurança de todos os profissionais que trabalham nas unidades de saúde".

De acordo com dados do Governo divulgados na segunda-feira, quase 1.000 casos de violência contra profissionais de saúde no local de trabalho foram reportados até ao final de setembro de 2019.

Os dados disponíveis indicam que nos primeiros nove meses de 2019 foram reportados 995 casos na plataforma criada pela Direção-Geral da Saúde (DGS), envolvendo vários grupos profissionais, refere um comunicado conjunto dos ministérios da Administração Interna e da Saúde divulgado na segunda-feira.

Em 2018, foram comunicados 953 casos, refere o comunicado, adiantando que "as injúrias são o principal tipo de notificação, representando cerca de 80% do total".

Para os dois ministérios, "os casos de violência contra os profissionais de saúde no local de trabalho são sempre atos condenáveis e motivo de grande preocupação".

Nos últimos dias, recorde-se, foram noticiadas duas alegadas agressões a médicos, uma no Centro Hospitalar de Setúbal e outra no Centro de Saúde de Moscavide, em Loures, distrito de Lisboa.

Ordem condena agressões a médicos e pede intervenção urgente

A Ordem dos Médicos (OM) considera as agressões contra médicos ocorridas nas últimas semanas como crimes públicos repugnáveis e pede uma intervenção urgente do Ministério da Saúde e das autoridades judiciais nestes casos.

"É crítico e urgente que exista uma intervenção mais assertiva das autoridades judiciais nestes casos e que o Ministério da Saúde tenha uma intervenção imediata, com medidas e políticas concretas que permitam prevenir este tipo de situações e devolver aos profissionais e aos utentes um SNS em que o respeito, a confiança, a segurança e a qualidade imperem em todas as suas vertentes", sublinha a Ordem, num comunicado divulgado esta terça-feira.

A OM diz que tem alertado que os casos de violência contra profissionais de saúde estão a aumentar e lamenta que "este crescimento exponencial da violência seja um sinal de que o SNS não está bem, elevando-se o clima de conflitualidade institucional que não dignifica nem beneficia ninguém".

Considera que este aumento dos atos de violência contra os médicos resulta "em taxas cada vez mais elevadas de abandono, de absentismo, de sofrimento ético, de 'burnout' e de violência física e psicológica".

"Os médicos têm vindo a ser constantemente menosprezados e agredidos de forma reiterada, o que conduz a uma revolta sem precedentes e de consequências imprevisíveis", afirma a OM, que se diz disponível para ajudar o Ministério da Saúde a "reconstruir o Serviço Nacional de Saúde e a valorizar os profissionais de saúde".

No comunicado, a OM manifesta-se totalmente solidária com todos os colegas vítimas de agressão e recorda a criação, em 2019, do Gabinete Nacional de Apoio ao Médico, que diz ser "mais uma resposta aos médicos vítimas de violência física, psicológica ou 'burnout' e que complementa o seguro que a Ordem já disponibilizava neste tipo de situações".

Diz ainda que "nunca aceitará que os médicos sejam submetidos ao utilitarismo humilhante que o Ministério da Saúde quer implementar em Portugal" e que vai dar todo o apoio aos médicos vítimas de agressão e exigir medidas preventivas e protetivas às autoridades competentes.

"Complementarmente, vai advertir todos os médicos que não devem trabalhar sem as condições adequadas, designadamente aquelas que não garantem segurança clínica e segurança física", acrescenta.

 

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