Começa hoje, no Tribunal do Redondo, o julgamento do antigo presidente da Câmara do Alandroal, João Nabais, que é acusado de ter desviado dinheiro do erário público “exclusivamente para satisfação dos [seus] interesses lúdicos”, segundo pode ler-se no despacho do processo ao qual o Diário de Notícias teve acesso.
Ora, o ex-autarca terá usado dinheiro do Município para financiar viagens de índole sexual a Cuba e a outros destinos, ou patrocinar a oferta de viagens à Madeira a 461 munícipes, bem como excursões à Eurodisney e à Isla Mágica.
João Nabais declara-se inocente dos crimes de que é acusado, e, em resposta escrita a perguntas remetidas pelo Diário de Notícias, argumenta: “Com a cumplicidade do anterior presidente da Câmara Municipal do Alandroal e do Ministério Público, [as acusações de que é alvo] utilizam um juízo que é político, parcial e tendencioso sobre factos normais na vida autárquica (constáveis em todas as autarquias do País) e recorrem a inaceitáveis insinuações sobre a minha vida pessoal e intimidade privada para consubstanciar um processo persecutório eivado de ressentimento, inveja e preconceito, com objectivos inequivocamente políticos contra alguém que deixou uma marca indelével de desenvolvimento na vida do Município do Alandroal”.
Saliente-se que uma denúncia anónima deu conta de que “em cerca de dois meses” João Nabais “viajou para cinco países diferentes pertencentes a três Continentes”. Contas feitas, traduz-se numa despesa superior a 640 mil euros.
Não obstante, o ex-autarca foi eleito nas últimas eleições vereador, tendo-se candidatado como independente, sendo que, na sua maioria, a população não recrimina a conduta de Nabais. “Não posso dizer mal dele, tratou-me sempre bem”, realçou uma idosa que beneficiou de uma operação às cataratas pelos Serviços Médicos Cubanos, no âmbito do projecto ‘Operação Milagro’, com a qual o ex-presidente da Câmara terá despendido mais 205 mil euros.
Nabais deixou a autarquia endividada em 30 milhões de euros.