As novas suspeitas de infeção por coronavírus em Portugal não se confirmaram. A garantia é da Direção Geral da Saúde (DGS) que, em comunicado enviado às redações, dá conta que "o terceiro e quarto casos suspeitos, que foram encaminhados ontem para o Hospital Curry Cabral, foram negativos após realização de análises laboratoriais pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA)".
Estes dois casos mais recentes diziam respeito a dois homens, de 40 e 44 anos, residentes na zona da Grande Lisboa. Estes pacientes foram sujeitos a testes clínicos e epidemiológicos e as "amostras biológicas [foram] negativas".
Um deles era contacto do grupo de cidadãos alemães contagiados no decurso de uma formação na Alemanha, ministrada por um funcionário da empresa que viajou da China para o efeito.
Recorde-se que o primeiro caso de suspeita de infeção pelo novo coronavírus em Portugal foi reportado a 26 de janeiro num homem regressado da China e que esteve sob observação no Hospital Curry Cabral. O segundo deu-se com um cidadão de nacionalidade estrangeira que deu entrada no Hospital de São João, no Porto, em 31 de janeiro.
As suspeitas relativas a estes dois novos casos tinham sido confirmadas pela diretora-geral da Saúde, na terça-feira, numa conferência de impressa, na qual também esteve presente o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, e o diretor Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), Fernando Almeida.
Na conferência de imprensa, Graça Freitas foi ainda questionada relativamente à repetição das análises ao grupo de 20 pessoas em internamento voluntário, depois do repatriamento de Wuhan. Ora, de acordo com a diretora-geral da Saúde, esses testes irão acontecer "em momento oportuno" e "na altura em que os especialistas considerem que é mais pertinente fazer-se de acordo com a melhor evidência que houver disponível".
Ainda sobre os portugueses que estão em quarentena, o secretário de Estado da Saúde sublinhou que "estão bem e tranquilos, assintomáticos e bem-dispostos".
Foi ainda tema na conferência de imprensa o caso do Belga com coronavírus que viajou com portugueses repatriados da China. De acordo com as autoridades da Bélgica, o paciente foi repatriado da cidade chinesa de Wuhan, foco de um surto da doença, no único voo que se realizou no domingo, dentro deste âmbito, ou seja, no mesmo em que viajaram os 20 cidadãos repatriados para Portugal. De acordo com os responsáveis portugueses, este caso do doente belga que viajou no mesmo avião não altera a avaliação de risco.
Uso de máscaras em Portugal? "Não é necessário"
A Direção-Geral da Saúde (DGS) esclareceu que, neste momento, em Portugal não é necessário o uso de máscaras para proteção contra o novo coronavírus, com exceção dos cuidadores de eventuais infetados com a doença.
"De acordo com as indicações atuais que temos, e também de acordo com as recomendações do Centro Europeu de Prevenção e Controlo da Doença (ECDC), neste momento não é necessário os cidadãos estarem a usar máscaras", disse à agência Lusa a enfermeira Goreti da Silva, do Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeções e das Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA), da DGS.
As máscaras devem apenas ser utilizadas por quem viajou para a zona afetada pelo surto. E, nestes casos, devem ser adquiridas as que têm elásticos laterais sobre a orelha para que possa ser retirada sem mexer na máscara e depositá-la diretamente no contentor do lixo. A máscara tem de "ficar bem assente e tapar bem a boca, o nariz e os lados laterais da face".
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo da Doença refere que as máscaras de proteção ajudam a prevenir a disseminação de infeções e ajudam a proteger quem está doente, mas o seu uso não parece ser eficiente para quem não está doente.
Já relativamente aos profissionais de saúde, a Direção-Geral da Saúde emitiu, na quinta-feira passada, um documento com orientações para a prevenção e controlo da infeção pelo novo corinavírus.
Coronavírus no mundo
O número de vítimas mortais por infeção pelo novo coronavírus não pára de aumentar. Diariamente são feitos, pelas autoridades, os balanços que dão conta da atualização de mortos e de infetados. O mais recente indica que a epidemia que teve origem em Wuhan já matou 490 pessoas.
As autoridades de Saúde regionais chinesas reportaram esta terça-feira mais 65 mortes. De acordo com o mais recente relatório da Comissão de Saúde de Hubei, desde as 4h00 da manhã até às 24h00 desta terça-feira (horas locais) foram registados mais 3156 novos casos de infeção. Na mesma região, contam-se 12,627 hospitalizados.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais casos de infeção confirmados em 24 outros países.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na passada quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.