A editora atesta que esta "é a mais completa recolha de vocabulário popular trasmontano e alto-duriense publicada até hoje", sendo publicada em dois volumes, num total de 1.184 páginas.
A obra, editada pela Âncora, é apresentada hoje às 19:00, na Biblioteca do Palácio Galveias, em Lisboa, pelo catedrático Ernesto Rodrigues, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
No prefácio, Ernesto Rodrigues refere que se trata de "um quadro literário regional" mas que há nele "motivos convergentes [que se] universalizam".
O catedrático da Universidade de Lisboa, salienta "a experiência de autor" que é "chamada a terreiro, para compor procissão de razões", no que diz respeito a um "terreno movediço", por exemplo dos substantivos "na dúvida se não devera constar m. [masculino] ou f. [feminino]".
"Intuitivamente, percebe-se o género, e mais facilmente o número, singular ou plural", afirma Ernesto Rodrigues, segundo o qual as "explicações que parecem evidentes ficam interrogadas, sugeridas, moduladas" pelo autor.
Ernesto Rodrigues faz notar "a vantagem para professores e outros especialistas" deste dicionário, sendo para escritores uma "mina inesgotável, além de um desafio".
"Entendidas referências com apoio desta chave-mestra, a mensagem tornar-se-á mais expressiva de um universo regional (já não provincial)", atesta o catedrático.
Segundo a editora A. M. Pires Cabral levou 30 anos a reunir a informação dispersa em outras obras, para constituir este dicionário, tendo também por base a sua memória e experiência".
"Em 'Língua Charra -- Regionalismos de Trás-os-Montes e Alto Douro' questiona-se a etimologia, faz-se relacionação intervocabular e adicionam-se elementos e comentários que permitem uma melhor compreensão", afirma a editora.
"As entradas são ilustradas com centenas de abonações, retiradas quer de obras literárias, quer do adagiário, cancioneiro, devocionário e romanceiro populares", acrescenta a Âncora.
A. M. Pires Cabral nasceu há 72 anos em Chacim, no concelho de Macedo de Cavaleiros, tem obra publicada em áreas como a poesia, ficção, teatro, crónica, antologia e ensaio.
A sua estreia literária ocorreu em 1974, com "Algures a Nordeste", tendo até hoje publicado mais de 50 obras.
Em 1983 recebeu o Prémio Círculo de Leitores com "Sancirilo", o D. Dinis 2006, com "Douro: Pizzicato e Chula e Que Comboio é este", o Grande Prémio de Literatura DST 2008, com "O Cónego", o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava 2009, com "As têmporas da cinza", o PEN de Poesia, em 2009, com "Arado" e o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco em 2010, com "O porco de Erimanto".