Em entrevista à Agência Lusa, o reitor da Universidade de Lisboa (UL), António Cruz Serra, questionou a capacidade de a classe política conseguir avançar com a prometida e "necessária" reestruturação da rede de ensino superior, lembrando que existem muitos interesses envolvidos.
Questionado pela Lusa, o Ministério da Educação diz que tem "vindo a discutir com todos os parceiros e a receber propostas e contributos", tal como tinha ficado decidido em agosto com reitores, presidentes dos politécnicos e presidentes dos Conselhos Gerais.
"Temos encontrado muito interesse de todos e uma grande abertura para a consolidação da rede pública de instituições de ensino superior. A fase seguinte deve iniciar-se em janeiro com uma proposta política do Ministério da Educação e Ciência que será posta a discussão", referiu o gabinete de imprensa do MEC à Lusa.
Outra das críticas feitas pelo reitor da maior instituição de ensino superior portuguesa prendia-se com a necessidade de aprovar uma nova proposta de lei com um conjunto de medidas que aumentasse a autonomia das universidades, de forma a agilizar a gestão administrativa das instituições.
Em entrevista à Lusa, Cruz Serra lembrou que esta foi uma promessa feita do tempo em que decorria a fusão das duas universidades que deram origem à UL e reafirmada recentemente pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
À Lusa, o MEC garantiu que está a "trabalhar na proposta de alteração do RJIES para satisfazer os compromissos assumidos de dotar as universidades que satisfaçam certos critérios de um nível de autonomia reforçada que lhes permita satisfazer plenamente a sua missão complexa e ao mesmo tempo dar garantias da prestação plena de contas à sociedade".
Outra das questões que António Cruz Serra gostaria de ver "corrigida" era o orçamento atribuído às universidades no próximo ano, que voltou a sofrer um novo corte afetando a qualidade no ensino e na investigação nacional.
O gabinete do ministro recordou a promessa feita por Passos Coelho de que "o Governo acompanharia ao longo de 2014 a execução orçamental de todos os setores para ver que correções poderiam ser necessárias".