A Polícia Judiciária (PJ) confirmou, na tarde deste domingo, em conferência de imprensa, que o pai e a madrasta de Valentina, a menina encontrada hoje morta pelas autoridades em Peniche, foram detidos por estarem "fortemente indiciados" do crime de homicídio e ocultação de cadáver.
De acordo com António Jordão, responsável da PJ de Leiria, a menina terá sido morta, ao que "tudo indica, durante o dia de quarta-feira", em casa, e o corpo transportado para a mata ao final do dia.
Além de Valentina, com o homem, de 32 anos, e a mulher, de 38, viviam outras três crianças, uma com "11/12 anos", outra com quatro e uma ainda mais pequena, com apenas alguns meses. Todas estariam em casa no momento do crime, mas desconhece-se se terão assistido a alguma coisa.
Apesar disso, o responsável da PJ adiantou que a criança mais velha terá sido ouvida pelas autoridades sobre o que aconteceu.
Quanto às causas da morte, que de acordo com a TVI24 foi por asfixia, a PJ não quis revelar ainda as mesmas, apenas reiterando que a possibilidade de se ter tratado de um acidente está excluída e que Valentina terá sido morta "num contexto de violência".
"Questões internas do funcionamento da família terão levado a este desfecho", esclareceu, revelando que as autoridades continuam a realizar perícias no local onde o corpo da criança de nove anos foi encontrado este domingo.
Ainda durante a conferência de imprensa, António Jordão revelou que o corpo da criança foi encontrado num eucaliptal, da Serra d'el Rei, "tapado" por "arbustos", mas não enterrado, e garantiu aos jornalistas que, sem a ajuda da GNR, a Judiciária "não conseguiria recolher informação pertinente e útil para desenvolver o seu trabalho".
Antes de terminar, a PJ esclareceu ainda que Valentina, que vivia com a mãe, no Bombarral, mas que estava há vários dias com o pai, em Atouguia da Baleia, Peniche, "não estava referenciada" pela Proteção de Menores como vítima de maus-tratos. Apenas em 2018, quando fugiu de casa do pai para ir ter com a mãe, sendo que os pais estão separados e partilhavam a guarda da criança, esta foi referenciada. O processo terá sido depois fechado sem suspeitas de violência ou negligência.
A PJ garantiu que não há mais suspeitos relacionados com este homicídio.
Já o comandante da GNR de Caldas da Rainha, Diogo Morgado, afirmou que a primeira denuncia do desaparecimento foi feita pelo pai no posto de Peniche, na manhã de quinta-feira.
As buscas contaram com o envolvimento de "mais de 600 elementos ativos, numa área percorrida de sensivelmente quase 4 mil hectares, palmilhada mais do que uma vez em alguns locais", embora nenhum deles o sítio onde o corpo viria a ser encontrado.
Entre estes elementos estiveram as valências do destacamento de Intervenção de Leiria e binómio, do grupo de intervenção cinotécnico de Lisboa e a equipa de aeronaves remotamente pilotadas da GNR, a PSP, bombeiros, escuteiros e vários civis.
Recorde-se que o pai, agora detido, reportou o desaparecimento da menina, de 9 anos, à GNR na manhã de quinta-feira. Desde esse dia, até hoje, as autoridades efetuaram buscas por várias zonas de Peniche para encontrar Valentina, sempre com a ajuda da Proteção Civil, autarquia e até populares.
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