Carapaças de caranguejos podem ajudar a reconstruir pele e ossos
A indústria farmacêutica e biomédica está interessada em explorar recentes descobertas sobre novos usos a dar aos caranguejos pilados, entre as quais, segundo uma investigação, a reconstrução de tecidos a partir de compostos extraídos das suas carapaças.
© Lusa
País Investigação
Francisco Avelelas, estudante de 23 anos da Escola de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche, defendeu há uma semana a investigação de mestrado, segundo a qual compostos extraídos das carapaças dos crustáceos têm actividade antibacteriana, antifúngica, antioxidante e até proteica.
"Pode ser utilizado em revestimentos de próteses para aumentar o tempo de não rejeição da prótese e em pensos que, com estas actividades antibacterianas e antifúngicas, permitem uma cicatrização mais rápida dos tecidos", explicou à agência Lusa o biólogo.
Além disso, têm também reaproveitamento no revestimento de frutas e outros produtos para aumentar o tempo de prateleira, no revestimento de comprimidos ou na composição de pesticidas agrícolas menos nocivos para a saúde e para o ambiente.
Segundo o estudo, pode integrar a formulação de comprimidos para emagrecimento, permitindo que "os lípidos não sejam absorvidos e processados pelo organismo para prevenir calorias quando vamos ter uma alimentação mais calórica".
Apesar de serem capturados com outras espécies pelas artes de pesca, os caranguejos pilados não têm qualquer valor económico para a pesca, uma vez que não são consumidos.
Mas, com a investigação em torno das carapaças dos crustáceos, os biólogos pretendem conferir valor ao recurso, colocando não só os pescadores a capturar o pescado mas também a indústria farmacêutica e biotecnológica a explorar comercialmente esses novos usos e já há interesse de uma empresa dessa área.
Além da aplicação industrial dessa matéria-prima, a empresa tenciona vir a instalar uma nova fábrica em Peniche, um investimento de um milhão de euros que pode vir a criar meia dúzia de postos de trabalho qualificados, adiantou à Lusa Sérgio Leandro, investigador que coordenou o mestrado.
O investigador defendeu que há condições para instalar um cluster biotecnológico na cidade, uma vez que, à semelhança dos caranguejos, existem outros recursos marinhos que podem vir a ser estudados e ser explorados para outros usos que não os da pesca.
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