Em comunicado, a Ordem refere que "as dificuldades no acesso aos meios complementares de diagnóstico e terapêutica são da total responsabilidade do Ministério da Saúde, devido às decisões tomadas e aos cortes excessivos no financiamento do Serviço Nacional de Saúde [SNS]".
Na mesma nota, a Ordem dos Médicos sustenta que, por despacho da tutela, de 2011, "foi extraordinariamente dificultada a referenciação de doentes a médicos privados convencionados para poderem realizar os meios complementares de diagnóstico e terapêutica que os médicos do SNS consideravam ser necessários".
Além disso, acrescenta, "os valores a pagar, por muitos destes exames, não eram atualizados há anos, tornando-os desinteressantes para o setor privado, pelo que deveria ser o SNS a assumir essa responsabilidade".
O jornal Diário de Notícias noticiou hoje que uma mulher descobriu que tinha um cancro em estado avançado, depois de ter estado dois anos à espera de uma colonoscopia (exame endoscópico do intestino grosso).
A doente fez o rastreio ao cancro colorretal e a análise foi positiva, tendo sido de imediato encaminhada para o Hospital Amadora-Sintra. Contudo, foi chamada para consulta apenas um ano depois.
A colonoscopia, fundamental para confirmar o diagnóstico de cancro colorretal, demorou mais de um ano a ser feita.
A mulher encontra-se a fazer quimioterapia para reduzir o tumor.
Tanto o Hospital Amadora-Sintra como a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde decidiram abrir um processo de averiguações.
A Administração-Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo admitiu que há um "problema preocupante" com a capacidade de resposta para realizar colonoscopias na região, tanto no setor público como no privado.
Segundo o presidente da Associação de Luta Contra a Cancro do Intestino, Vítor Neves, as normas internacionais determinam que, após um rastreio positivo à pesquisa de sangue oculto nas fezes, a colonoscopia deve ser feita de imediato.
A mesma associação assinala que, quando um hospital não tem capacidade para responder, o doente deve ser encaminhado para o setor privado para realizar a colonoscopia.
A propósito deste caso, o PCP requereu hoje a audição do ministro Paulo Macedo na Comissão Parlamentar de Saúde.