Segundo uma ronda feita pela agência Lusa, nos últimos meses, pelo menos outras quatro viaturas estiveram temporariamente inoperacionais: as de Portalegre, Guarda, Faro e Torres Vedras.
No caso mais grave, em Évora, a administração do hospital confirmou que "a VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação) estava, momentaneamente, inoperacional" quando ocorreu o acidente, no dia 25 de dezembro, que envolveu dois automóveis e um cavalo.
A coordenadora da VMER de Évora reconheceu que "em épocas especiais é mais complicado ter médicos disponíveis", alegando que "a escala é preenchida com horário voluntário" e que os clínicos "nem sempre estão disponíveis".
A indisponibilidade "esporádica" dos clínicos pode explicar-se, segundo Ireneia Lino, com o facto de "o retorno financeiro" estar a "descer para valores próximos aos dos serviços dentro do hospital", apesar de ter "um risco acrescido".
Ainda assim, assinalou que a VMER de Évora tem atualmente "poucos períodos" de paragem, apresentando "dois ou três por cento de inoperacionalidade".
Na noite da passagem de ano, foi a VMER de Portalegre que não saiu para assistir duas pessoas atropeladas no centro da cidade. Um homem de 42 anos morreu e uma mulher de 36 ficou ferida.
Fonte da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano confirmou que "a VMER esteve inoperacional entre as 20:00 do dia 31 de dezembro e as 12:00 do dia 01 de janeiro", porque "não havia médico disponível".
O coordenador da viatura de Portalegre, Hugo Capote, adiantou à Lusa que já foram formados "entre 20 e 30 médicos", mas que, atualmente, prestam serviço "entre 10 e 12".
"Alguns médicos fizeram a sua atividade na VMER durante cinco ou seis anos, mas, depois, as suas carreiras médicas evoluíram e, a partir de certa altura, optaram por trabalhar a tempo inteiro nos seus serviços", explicou.
Hugo Capote referiu que "há quase três anos" que não há formação de médicos para a VMER de Portalegre, tendo já sido "solicitada várias vezes ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM)".
A situação não é "exclusiva" do Alentejo. Em Torres Vedras, no distrito de Lisboa, segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, a VMER "esteve 10 dias 100 por cento inoperacional", em agosto de 2013.
A "situação pode-se agravar dramaticamente" agora com a VMER do Hospital de Vila Nova de Gaia, cuja administração pretende reduzir "o pagamento dos médicos para 11,68 euros e dos enfermeiros para 7,52 euros" por hora, disse.
Também a VMER da Guarda enfrenta "pequenos períodos" de inoperacionalidade, reconheceu à Lusa o seu coordenador, Tiago Saraiva, indicando que as paragens correspondem a cerca de 5%, devido à falta de médicos para o serviço, mas no prazo de dois a três meses o problema deve estar resolvido.
No Algarve, o caso não é tão grave porque existem três viaturas (Faro, Portimão e Albufeira), mas, mesmo assim, de acordo com o Centro Hospitalar do Algarve, "durante o período do Natal, como é normal em feriados e festividades, houve um ou dois dias em que, além de um helicóptero, só esteve acionada uma VMER".
Segundo o Centro Hospitalar do Algarve, a partir do dia 15 deste mês, vai dispor de 18 médicos que estão a acabar o curso, numa formação a realizar de novo em março e que deverá tornar a região "num exemplo em termos de ativação" dessas viaturas.