"Situação tenderá a agravar-se". País pode chegar aos 3 mil casos diários

O país vai voltar à situação de calamidade devido à evolução "grave" da pandemia. Acompanhe em direto a conferência de imprensa da Direção-Geral de Saúde (DGS).

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Melissa Lopes
14/10/2020 15:28 ‧ 14/10/2020 por Melissa Lopes

País

Pandemia

Conhecidos os dados do boletim epidemiológico desta quarta-feira (que dá conta de 2.072 novas infeções e sete óbitos), dia em que o Governo anunciou que o país volta à situação de calamidade, a diretora-geral de saúde, Graça Freitas, e a ministra da Saúde, Marta Temido, atualizam a informação sobre a pandemia da Covid-19 na habitual conferência de imprensa no Ministério da Saúde. 

A ministra começou por adiantar, na conferência desta quarta-feira, que há 396 surtos ativos no país, 136 na região Norte, 50 na região Centro, 178 na região de Lisboa e Vale do Tejo, 14 no Alentejo e 18 na região do Algarve. 

A taxa de incidência da doença a sete dias situa-se agora nos 96.6 casos por 100 mil habitantes e a taxa a 14 dias nos 152,2 novos casos por 100 mil habitantes.

O valor do RT para os dias 5 a 9 de outubro foi estimado em 1,2, com uma média 1.542 novos casos por dia. O risco efetivo de transmissão, precisou Marta Temido, variou entre 1,34 na região Norte e a região do Algarve com RT abaixo de 1 (0,91). 

A ministra afirmou ainda que com base nos dados disponíveis no Centro Europeu de Controlo de Doenças verifica-se que Portugal apresenta agora uma taxa de notificação acumulada de 14 dias que está situada entre os 120 e os 240 casos por 100 mil habitantes, registando uma tendência crescente. Na mesma situação estão países como a Áustria e a Irlanda. "Há de facto países com uma situação ainda mais desfavorável, onde a taxa de notificação acumulada se situa acima dos 240 casos por 100 mil habitantes e com tendência crescente, como a Espanha e a Bélgica", disse Marta Temido. 

País pode chegar aos três mil casos diários

De acordo com as estimativas do Instituto Ricardo Jorge, "estamos a enfrentar uma situação crescente que se tenderá a agravar nos próximos dias, de acordo com os modelos matemáticos", frisou a ministra, lembrando que a inversão dos modelos depende da adoção de medidas coletivamente, seja enquanto organizações, Governo ou pessoas. Respondendo a questões dos jornalistas, Marta Temido concretizou que, de acordo com os modelos matemáticos, o país pode ultrapassar ou rondar os três mil casos dentro de alguns dias, "se não tivermos a cautela necessária". 

A governante deu conta que ainda hoje será publicada a nova estratégia de testes com inclusão dos designados testes de antigénio. Paralelamente, o Governo está a reforçar "as medidas de contact tracing que se intensificarão nos próximos dias por profissionais recrutados especificamente para o efeito".

Quanto à área dos cuidados de saúde primários, Marta Temido informou que vai haver no início da próxima semana um regresso à prescrição de testes pela Linha SNS 24. Relativamente aos cuidados hospitalares, há também "dois eixos essenciais de medidas". Um, disse a ministra, prende-se com a gestão de camas. Sublinhando que alguns dos grandes hospitais do Norte do país suspenderam a atividade programada, Marta Temido frisou que a gestão está a ser feita ao nível de cada região de saúde.

"Alta clínica não é a mesma coisa que quarentena"

Sobre os critérios de alta clínica, a ministra aproveitou para clarificar: "A alta clínica não é a mesma coisa que quarentena". Marta Temido notou que "houve confusão entre aquilo que é a quarentena e aquilo que é a redução do período de tempo de avaliação para alta clínica". A ministra referia-se à nova orientação, hoje publicada, que segue um "alinhamento com aquilo que são as orientações internacionais que referem que, em casos de doença ligeira ou moderada, a alta clínica poderá acontecer aos 10 dias, desde que se cumpram dois critérios: que o doente se encontre sem sintomas e se encontre em melhoria significativa dos eventuais sintomas há três dias consecutivos". 

Questionada, mais tarde, sobre o tema, a ministra voltou a dizer: "A quarentena não foi alterada em termos de período de tempo", embora haja, de facto, países a praticar outros períodos de quarentena mais reduzidos. "O que foi alterado foi o critério da alta clínica", ou seja, o critério para que um doente confirmado com Covid possa ter alta clínica, sendo isso sempre validado, em última instância, por decisão médica. 

"É encorajador" ver evolução na retoma da atividade assistencial

Marta Temido deu ainda nota que o SNS tem feito um "esforço significativo no sentido de manter a resposta àquilo que são as necessidades assistenciais dos portugueses, mantendo a preparação e melhorando a prepração à resposta Covid, mas também não desguarnecendo aquilo que é a resposta às restantes necessidades assistenciais".

Referindo-se aos dados da evolução da atividade assistencial ao nível das consultas médicas de cuidados de saúde primários, a ministra realçou que é "encorajador" perceber que se registam, em setembro de 2020, face ao período homólogo de 2019, apenas menos 410 mil consultas médicas. "É mais um passo na recuperação, num caminho que temos, todos os dias continuar a percorrer, e que sabemos que é um caminho difícil onde é preciso equilibrar as respostas às necessidades Covid-19, neste momento em maior pressão", e as restantes.

Um apelo perante a situação "preocupante": "Temos todos de estar à altura"

Finalizando, Marta Temido referiu-se ao reforço das medidas de controlo da transmissão tomadas hoje em Conselhos de Ministros e dirigiu, novamente, um apelo ao cumprimento das mesmas. "Em todo o caso, nunca é demais sublinhar (...) o apelo vai para aquilo que é o comportamento individual, aquilo que vamos verificando é que a doença, esse é o lado menos negativo da situação preocupante em que nos encontramos, está a recair sobretudo nas faixas etárias entre os 20-29 anos", sublinhou a ministra, apelando a "todos que têm a aspiração de fazer as suas vidas regressar à normalidade que tenham presente que a doença não desapareceu" e que "só juntos podemos enfrentar esta nova fase de crescimento da doença, onde vamos ser todos postos a uma prova muito dura. Portanto, temos todos de estar à altura".  

Questionada pelos jornalistas sobre se o SNS vai recorrer aos privados para dar resposta pandemia, Marta Temido disse: "Nós recorreremos, e precisamos de recorrer, a todos os setores que nos possam auxiliar, fazê-mo-lo, por exemplo, na área dos meios complementares e terapêutica com uma colaboração que tem sido excecional por parte dos laboratórios". 

Sobre a carta dos bastonários, publicada hoje no Público, a ministra disse estar de acordo. "Sim, este é o momento do SNS mostrar aos portugueses que valeu a pena terem investido as suas escolhas, os seus impostos, o seu afecto naquilo que é um serviço público financiado por impostos"

O retrato dos hospitais nas regiões "mais pressionadas"

Referindo-se às duas regiões mais pressionadas em termos de cuidados de saúde, Marta Temido indicou que a LVT tem 6.330 camas que poderiam ser utilizadas para doentes Covid. São camas de enfermaria médica e cirurgica e, evidentemente, a serem afectas à Covid ficam sei deixar de receber doentes de outras patologias. De qualquer forma, indicou, destas 6.330 camas, neste momento, estão ocupadas 419 com doentes Covid-19. Quanto às camas para unidades de cuidados intensivos, adultos, "temos 301 camas, das quais estão ocupadas 64". 

Na região Norte, 5.489 camas de enfermaria disponíveis, estão ocupadas com doentes Covid 294, havendo 357 camas de cuidados intensivos polivalente, das quais estão ocupadas com doentes Covid 56. Esta informação diz respeito aos dados reportados ao final do dia de ontem. 

Recorde aqui a conferência da DGS:

Recorde-se que perante a evolução "grave" da pandemia no país, o Governo aprovou em Conselho de Ministros oito medidas, elevando o estado de alerta para estado de calamidade, que entrará em vigor a partir da meia noite. 

Assim, determinou o Governo, os ajuntamentos ficam limitados a cinco pessoas, os casamentos e batizados  podem ter no máximo 50 pessoas, as multas a aplicar a pessoas coletivas serão agravadas e a fiscalização por parte das autoridades vai ser reforçada. O Governo vai ainda enviar uma proposta à Assembleia da República para tornar obrigatório o uso de máscaras na rua e a utilização da aplicação StayWay Covid em ambiente laboral e escolar. 

 

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