Universidade de Lisboa deixa cair projetos e patentes

O reitor da Universidade de Lisboa lamentou hoje que o corte de oito milhões de euros no orçamento vá impedir a concretização de muitos projetos e disse que vai deixar de haver verba para patentes.

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Lusa
24/01/2014 17:05 ‧ 24/01/2014 por Lusa

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"Todas as patentes que têm sido suportadas pela reitoria ou alguém as vai suportar ou cairão", disse António Cruz Serra, falando na abertura de uma conferência sobre ciência que hoje decorre na reitoria da Universidade de Lisboa.

Coube ao reitor abrir a conferência e fê-lo em termos críticos quanto às políticas do Governo, justificando no final: "achei que mais do que palavras de circunstância o momento que vivemos exigia este discurso".

"Portugal só sairá da crise criando riqueza, e isso só se tiver uma boa ciência e se tiver recursos humanos qualificados", começou por dizer, afirmando depois que se regista no país "um enorme ataque à Universidade" e um "enorme desinvestimento na ciência".

Em menos de uma década perdeu-se 50 por cento do financiamento público do ensino superior, num país onde o financiamento por aluno é dos mais baixos do continente, disse o reitor, relembrando o corte de 6,5 por cento para o ensino que trouxe o Orçamento de Estado, o que equivale a menos 30 milhões de euros este ano para as Universidades, oito milhões só na de Lisboa.

"Não esperávamos que o Governo nos retirasse recursos que iriam potenciar algumas mais-valias", disse Cruz Serra, lamentando que provavelmente nem haja dinheiro para financiar um colégio que seja.

No meio de tanta crise o reitor disse esperar que o Governo cumpra a promessa de apresentar na Assembleia da República uma proposta de lei do regime jurídico das instituições de ensino superior.

É que, justificou, quatro por cento do orçamento da Universidade é gasto a responder à burocracia do Estado e essa lei seria "fundamental para melhorar a eficiência do sistema universitário".

António Cruz Serra frisou a necessidade que o país tem de recursos humanos qualificados e lamentou as poucas bolsas concedidas este ano, um tema que tem agitado a comunidade científica nos últimos dias.

Na semana passada foram divulgados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia os resultados da atribuição de bolsas de investigação, com menos 900 bolsas individuais de doutoramento e menos 444 de pós-doutoramento. Na terça-feira, a comunidade científica saiu à rua em protesto.

Na conferência de hoje, organizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, falou também o presidente da Fundação, António Barreto, que deixou a respeito desses cortes um aviso: nada nem ninguém escapa à crise, nem a ciência, mas há atividades em que uma interrupção pode causar mais estragos do que benefícios.

Com o título "Ciência, Cultura e Inovação" a conferência de hoje tem como participantes, entre outros, João Lobo Antunes (Faculdade de Medicina, Lisboa), Elvira Fortunato (Universidade Nova de Lisboa), Carlos Salema (Instituto Superior Técnico) ou Maria da Graça Carvalho (eurodeputada).

 

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