SEF/Ihor: MAI admite "erros quer de tempo quer de avaliação"

O ministro da Administração Interna admitiu que cometeu "erros quer de tempo quer de avaliação" no caso da morte do cidadão ucraniano e reforçou que a ex-diretora do SEF não foi envolvida nos processos crime e disciplinar.

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Lusa
17/12/2020 08:18 ‧ 17/12/2020 por Lusa

Política

Eduardo Cabrita

Em entrevista à Rádio Renascença e ao jornal Público, o ministro da Administração Interna (MAI) explica os contornos do caso da morte de Ihor Homeniuk à guarda do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no aeroporto de Lisboa, em março, e comenta repercussões do caso, incluindo plano de reestruturação das forças de segurança.

O ministro destacou, quando questionado sobre o tempo que demorou no não reconhecimento dos erros de avaliação ou no tempo de reação, a importância de tudo ter sido feito num "tempo muito especial", em pleno estado de emergência.

"Eu cometo erros quer de tempo quer de avaliação. Mas no contexto do que era possível fazer face à tragédia com que fomos confrontados, o essencial foi feito a dia 30 [de março]. A senhora diretora do SEF podia ter cessado funções na altura? Obviamente que podia. Mas nem o processo crime nem o processo disciplinar a envolvem", sublinhou.

"Usei a expressão 'murro no estômago' e tive uma reação imediata. Quando aquilo que era uma declaração de morte natural, aliás, com base numa declaração médica, vem a verificar-se através do relatório da autópsia, que só foi comunicado ao DIAP a 29 de março, que não era assim. Isso determinou toda a diferença", realçou.

Questionado sobre por que não afastou a ex-diretora Cristina Gatões [que se demitiu na semana passada], o ministro chamou a atenção para um comunicado da Polícia Judiciária que diz que as detenções foram efetuadas com inteira colaboração do SEF.

Na entrevista, Eduardo Cabrita voltou a dizer que as declarações do diretor nacional da PSP, Magina da Silva, aos jornalistas, no final de um encontro com o Presidente da República sobre a reestruturação do SEF "não podem repetir-se".

"Chamei o diretor nacional no dia seguinte. E presencialmente esclarecemos o que havia a esclarecer. Vale o que vale. O superintendente-chefe Magina da Silva tem uma notável capacidade operacional demonstrada ao longo da sua vida e por isso é hoje diretor nacional da PSP. Naturalmente, tem falta de experiência política. Por experiência própria, sei que há riscos para os quais devo estar mais bem preparado do que o senhor diretor nacional", disse.

"Foi um erro o diretor nacional da PSP pronunciar-se daquela forma, mas ficará no cargo", salientou.

Questionado ainda sobre se ponderou demitir-se durante o processo, Eduardo Cabrita referiu que o único dia em que essa questão se poderia ter colocado teria sido em 30 de março, mas que não faria sentido enquanto coordenador da resposta do estado de emergência, abandonar o combate.

Na entrevista, Eduardo Cabrita voltou a sublinhar que a reestruturação do SEF não prevê a sua extinção ou fusão.

"Ninguém falou em extinção do SEF, ninguém falou em fusões. Do que se fala claramente -- e remeto para o programa do Governo, que é um clarificador do que se disse antes de novembro de 2019 e claramente antes de março de 2020 -- é a clara separação orgânica entre as funções policiais e administrativas. E relativamente às funções policiais implica uma redefinição do quadro do seu exercício, o controlo de fronteiras aéreas, terrestres e marítimas, investigação criminal como tráfico de seres humanos ou auxílio à imigração ilegal, entre os quatros órgãos de polícia criminal que atuam nesta área: SEF, PSP, GNR e PJ", frisou.

O ministro sublinhou que a reestruturação terá implicações na PSP, GNR e PJ.

Na entrevista e quando questionado sobre porque só esta semana enviou para a Ordem dos Médicos o processo do médico que certificou o óbito do cidadão ucraniano, Eduardo Cabrita referiu que a pergunta deve ser ao contrário.

"É perguntar ao senhor bastonário, uma vez que toda a gente sabe tudo desde abril. Desde o início de abril que se sabia que tinha havido --- não interessa se verificação ou certidão, é irrelevante. O gravíssimo aqui é que a certidão de dia 12 diz uma coisa e o relatório da autópsia que foi enviado ao DIAP no dia 29 diz outra, infelizmente muito mais grave e totalmente diferente", disse.

Eduardo Cabrita justificou que a Ordem dos Médicos é uma entidade pública, com responsabilidades próprias e que a IGAI não tem nenhuma competência disciplinar sobre médicos e enfermeiros.

 

 

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