"Nós pagamos o passaporte para a morte dos nossos filhos"
Há 12 anos, Maria Macedo passava por uma dor semelhante àquela que os pais dos seis estudantes que morreram na praia do Meco estarão a sentir. O seu filho, Diogo, de 22 anos, perdeu a vida depois de uma noite de praxes na Tuna da Universidade Lusíada, em Famalicão. Ao Diário de Notícias esta mãe, que continua de luto, diz não ter ainda desistido de encontrar os culpados para tão trágico desfecho.
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País Praxes
“É um reviver de um filme que passa todos os dias pela minha cabeça”. Assim descreve Maria Macedo, em entrevista ao Diário de Notícias, a forma como tem acompanhado a tragédia do Meco. Afinal, há 12 anos passava sensivelmente pela mesma devastadora experiência dos pais dos seis alunos que morreram no passado mês de dezembro. O seu filho Diogo, de 22 anos, perdeu a vida após uma noite de praxes na Tuna da Universidade Lusíada, em Famalicão.
Naquele dia de outubro, de 2001, Diogo até já estava de pijama, em casa, quando recebeu um telefonema que lhe traçaria o destino. Acabou por sair. “Só vou à tuna resolver a minha vida”, justificou, então, aos pais. Estas viriam a ser as últimas palavras que lhes haveria de dirigir.
Maria Macedo conta ao Diário de Notícias que também naquela altura se ergueu um muro de silêncio sobre o sucedido.
Aos pais dos estudantes que morreram no Meco, que considera ser ainda muito cedo para terem acordado face à realidade que os circunda e circundará daqui para a frente, esta mãe deixa o conselho: “Lutem para que se faça justiça. Responsabilizem a faculdade”. Porém, reconhece, “não será fácil. Até porque vê-se que a faculdade está a cozinhar com os alunos. O mesmo que me fizeram a mim. Exatamente igual”.
E, desabafa: “Nós, pais, pagámos o passaporte para a morte dos nossos filhos. Nós andamos anos a pagar o passaporte para a morte dos nossos filhos. Eles [instituições de ensino superior] só veem números, não veem a parte humana”.
Para Maria, que assegura, nunca desistirá de descobrir a verdade, não há duvidas. As praxes são “um crime público”, havendo, contudo, “uma falta de vontade política para resolver isto. Porque há muitos interesses”.
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