"Devemo-nos todos sentir cidadãos de Cabo Delgado"

O secretário-geral da União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa (UCCLA) apelou hoje à concertação de esforços para contribuir para o fim da "indescritível desumanidade" contra "cidadãos indefesos" na região do Cabo Delgado, em Moçambique.

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Lusa
30/03/2021 12:29 ‧ 30/03/2021 por Lusa

País

Moçambique/Ataques

Numa carta dirigida aos presidentes das cidades associadas da UCCLA, Vitor Ramalho sugere uma reunião por videoconferência para serem ponderadas eventuais medidas que contribuam para o fim da violência em Pemba, capital da região de Cabo Delgado, em Moçambique.

No passado dia 24, um ataque em Palma matou dezenas de civis, segundo o Ministério da Defesa moçambicano, e a violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.

O secretário-geral da UCCLA tem ouvido relatos de cidadãos que se refugiaram em Maputo, Nampula e Quelimane - cidades associadas da organização - e que lhe terão feito "relatos indescritíveis" do que se passa em Pemba.

"São descrições de uma desumana crueldade, perpetrados por grupos fanáticos, que semeiam indiscriminadamente a morte, incluindo de crianças inocentes, não poupando quem quer que seja, independentemente da origem geográfica, de género ou etnia", adiantou.

"Devemo-nos todos sentir cidadãos de Cabo Delgado", defendeu, acrescentando: "É preciso concertarmos esforços numa solidária corrente de opinião que possa contribuir para pôr termo à gravíssima situação existente".

E concluiu: "Isso implica que, pelos meios ao nosso alcance, sensibilizemos os poderes públicos nacionais e internacionais para que se obtenha uma resposta inadiável e eficiente, que esteja para além de declarações de condenação da barbárie, fundamentada numa lógica de morte e alheia ao respeito do direito fundamental à vida".

Para Vitor Ramalho, esta resposta "tem subjacente a defesa do direito internacional, jamais podendo deixar de se articular com as funções soberanas do Estado de Moçambique".

O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou na segunda-feira o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia.

Segundo as Nações Unidas, "dezenas de civis terão sido mortos e os confrontos entre grupos armados não-estatais e forças de segurança estão alegadamente em curso, pelo sexto dia consecutivo, de acordo com relatórios de várias fontes", na sequência do recente ataque de grupos armados a Palma no passado dia 24.

A violência em Cabo Delgado está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.

Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas ações já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.

Leia Também: ONU considera situação em Palma "extremamente preocupante"

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