Vítor Ramalho, secretário-geral da União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa (UCCLA), considerou, esta terça-feira, que a comunidade internacional pode fazer mais para contribuir para o fim da violência em Pemba, capital da região de Cabo Delgado, em Moçambique.
"Isto atingiu uma dimensão muito séria. É urgente pôr termo. (...) Os passos que foram dados já foram positivos. Mas são ainda insuficientes nos relatos que oiço", referiu o responsável, em declarações à RTP.
Vítor Ramalho enviou hoje uma carta dirigida aos presidentes das cidades associadas da UCCLA, na qual sugere a realização de uma reunião por videoconferência para serem ponderadas eventuais medidas para travar os grupos armados.
"Há um frémito súbito de reação de todos os homens e mulheres de boa vontade que podem conduzir à recriação de condições para que situações deste tipo em Cabo Delgado tenham um fim", considerou.
O secretário-geral da UCCLA aproveitou ainda o momento para sublinhar que os grupos armados responsáveis pelo momento de crise vivido em Pemba, neste momento, são pessoas "sem ideologia porque semeiam a morte e semeiam a morte indiscriminadamente".
"O objetivo desses homens armados é a devastação e a criação de terror", alertou.
O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou na segunda-feira o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia.
Segundo as Nações Unidas, "dezenas de civis terão sido mortos e os confrontos entre grupos armados não-estatais e forças de segurança estão alegadamente em curso, pelo sexto dia consecutivo, de acordo com relatórios de várias fontes", na sequência do recente ataque de grupos armados a Palma no passado dia 24.
A violência em Cabo Delgado está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas ações já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.
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