Mãe de um filho de cinco anos, Sandra Ribeiro, a presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, considera em entrevista ao semanário Expresso que a mudança de mentalidades para que homens e mulheres tenham direitos iguais passa pela “educação” e também por “uma questão de poder”.
“Elas não estão a conseguir chegar aos cargos de chefia porque ainda não conseguem partilhar o poder em casa. Talvez tenham medo de partilhar esse poder [com os companheiros] e não ganhar o outro, acabando por ficar sem nenhum”, refere Sandra Ribeiro.
“As mulheres conseguem progredir até certa altura mas por volta dos 30 anos há como que um eclipse porque elas próprias decidem que é tempo da família e diminuem o empenho no trabalho. Outras optam por não ter filhos ou por tê-los o mais tarde possível para não serem prejudicadas. É uma escolha muito dura que”, sublinha, “não é colocada aos homens. Eles têm como que uma via verde no trabalho: podem trabalhar muito e ter filhos que as mulheres hão-de cuidar deles”.
Acontece que aliado a este fator está também a “culpa” que as mulheres sentem porque acham que “deviam estar a tomar conta do filho” mesmo que, ao contrário do que acontece em muitos países da Europa, trabalharem a tempo inteiro” e “ainda fazerem mais três horas de trabalho doméstico do que os homens”.
Além disso, ainda são “elas que faltam ao trabalho para tomar conta dos filhos quando estes adoecem”. Por tudo isto, defende a presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, é saudável que as mulheres partilhem o poder das tarefas domésticas com os companheiros. Um conselho deixado no semanário Expresso pela responsável no Dia Internacional da Mulher.