A empresária Patrícia Costa é o rosto do ateliê que se dedica à produção, totalmente manual, dos bordados típicos do Vale do Sousa, dando emprego a cinco bordadeiras que estavam desempregadas.
A empresária disse à Lusa que o negócio está a "correr muito bem", com um crescimento constante na faturação, que em 2013 atingiu os 100.000 euros, triplicando o valor de 2012.
Com a jovem empreendedora colabora o namorado, de 30 anos, médico e sócio no negócio, que dá apoio na gestão e gere a área da Internet.
Os dois membros de casal têm famílias com ligação aos bordados.
"As nossas avós e bisavós bordaram. É uma região muito rica neste tipo de artesanato e daí surgiu a oportunidade de criarmos um negócio relacionado com esta atividade tradicional", contou à Lusa.
Em 2011, criaram um blogue para promover os produtos internacionalmente. O sucesso foi tanto que rapidamente evoluíram para um 'site', com um vasto portefólio de produtos, através do qual são realizados quase todos os contactos e negócios.
Mais de 90% dos bordados, que incluem atoalhados de mesa, roupas e acessórios de moda que saem diariamente do seu ateliê destinam-se à exportação para França, Suíça, Estados Unidos e Austrália.
"Criámos peças aliando a tradição à modernidade", afirmou, explicando que o sucesso do negócio também se deve à aposta em mercados com elevado poder de compra, com produtos inovadores, incluindo acessórios de moda, como lenços de seda e carteiras de senhora.
"Temos de fazer uma análise de cada mercado. Para cada um adaptamos o nosso produto. Ao fazê-lo, os clientes ficam satisfeitos e reconhecem o nosso trabalho" assinalou.
Algumas peças podem custar mais de 3.000 euros, o que reflete, observou, o tempo que demoram a fazer (em alguns casos mais de um mês) e o caráter exclusivamente manual e original de cada bordado.
"Aqui não entram máquinas. É tudo manual, não são utilizados computadores ou 'software' de 'design'", destacou, enquanto apontava para o trabalho moroso e de minúcia que as bordadeiras executam em toalhas de linho.
Patrícia Costa contou à Lusa que, neste ano, espera ultrapassar os 200.000 euros de faturação, sobretudo à custa de novos mercados. Para alcançar o objetivo, candidatou-se a um incentivo à internacionalização desenvolvido por uma incubadora de empresas de Braga.
Graças àquele apoio, a empresa da Lixa vai participar, em 2014, em feiras no Dubai, Japão, Estados Unidos, Suíça e Inglaterra.
Apesar do crescimento, a jovem empresária garantiu que não se vai desviar do caminho seguido até agora.
"Só trabalhamos com tecidos naturais, como o algodão e o linho. Queremos que a nossa empresa valorize e preserve o meio ambiente e que reduza os gastos de energia", assinalou.
Se o plano da empresária surtir o efeito que deseja, haverá lugar à contratação de mais bordadeiras para corresponder ao aumento do trabalho.
"Ainda há mão-de-obra disponível. O nosso objetivo é contratar o máximo de pessoas e necessário para a nossa atividade. Temos uma responsabilidade social e cultural que a empresa quer seguir: dar emprego às pessoas locais e valorizar o que é nosso", afirmou.
A empresa também se propõe, em breve, apostar na formação de mão-de-obra, sobretudo de jovens da região que queiram aprender a arte de bordar de acordo com os métodos tradicionais.
"Gostaríamos de ter jovens a aprender esta técnica tão nossa, tão portuguesa", concluiu.