"Portugal é um país amigo da Venezuela, tem interesses económicos lá. Portugal tem também de pensar nas pessoas e o senhor Presidente da República tem que pensar nos madeirenses, nos portugueses que moram na Venezuela e estão a precisar de viver num país em paz", afirmou Enrique Vieira, do grupo 'Luso venezuelanos pela Liberdade' na Madeira.
O responsável salientou que a comunidade luso venezuelana "não tem baixado os braços desde a segunda quinzena de fevereiro", tendo realizado uma concentração a 22 de fevereiro que contou com a participação de cerca de 300 pessoas e uma missa em homenagem às vítimas.
Hoje, a ação também teve como propósito homenagear as vítimas da violência e aprovar um manifesto, posteriormente entregue no Palácio de São Lourenço, residência oficial do Representante da República, endereçado ao Chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.
Os manifestantes solicitam que o Presidente da República "seja intermediário e consiga criar condições para haver um diálogo na Venezuela", salientou Enrique Vieira.
"Gostaríamos que fosse porta-voz das nossas angústias e preocupações, demonstrando interesse em ajudar um povo que precisa ser ouvido dentro e fora do seu território", diz o texto do manifesto.
Enrique Vieira sublinhou "acreditar que as boas intenções se sobreponham aos interesses económicos", destacando que "neste momento a União Europeia não quer abordar o tema de Venezuela porque o petróleo está a falar mais alto".
"Se continuar a forma anárquica como o Governo da Venezuela toma as decisões internacionais, como foi o caso do Panamá, corremos o risco que aconteça o mesmo de um dia para outro com Portugal, com Espanha ou com os Estados Unidos da América", refere Enrique Vieira.
"Isto a nível económico, no futuro, poderia significar que um dos maiores países produtores de petróleo não consiga manter a sua produção e os preços dispararem, o que se repercutiria negativamente na economia mundial", argumentou.
Na fonte do Largo do Município foram colocadas bandeiras da Venezuela e cruzes com os nomes das mais de 20 vítimas mortais dos confrontos naquele país.
Enrique Vieira mencionou que além dos mais de 20 mortos, há também registo de cerca de 2.500 feridos, 33 casos de tortura, mais de 1.300 detidos, 600 desaparecidos.
Segundo a Polícia de Segurança Pública, a iniciativa contou com a presença de cerca de 70 pessoas.
Os manifestantes, depois de cantarem e rezarem, dirigiram-se até ao Palácio de São Lourenço gritando palavras de ordem contra a ditadura e o atual Presidente da República da Venezuela, onde entregaram o manifesto.