"Eu assinei para não ser cúmplice de uma injustiça histórica extraordinária. Isolado ou não isolado, devo dizer, da parte da Igreja, que chega de fabricar escravos. Não quero ser cúmplice de um banho de sangue". É desta forma que o bispo Januário Torgal Ferreira explica, em declarações ao Expresso, a assinatura da petição que reivindica a reestruturação da dívida.
Esta petição, que sucede o manifesto dos 70, já foi subscrita por 25 mil pessoas, de acordo com o mesmo semanário. Para ir a discussão ao Parlamento, eram necessários apenas quatro mil subscritores.
“Este ano vou celebrar o 25 de Abril vestido de negro”, acrescenta o ex-bispo das Forças Armadas, que considera que “este Estado explora os mais pequenos”.
Já o general Pinto Ramalho aproveita para questionar: “Ter-se criado a ideia de que só há uma solução é uma atitude redutora em democracia. Que raio de política é esta? Espanta-me a frieza com que se dizem algumas coisas. Não há outro caminho? E quem levanta a dúvida está mal informado?”.
A petição visa “lançar a discussão sobre os verdadeiros problemas da sociedade portuguesa e discutir a sobrevivência das pessoas, as condições para a reestruturação da economia e para o combate ao desemprego”, justifica ex-provedor de Justiça Alfredo José de Sousa.