Gritando palavras de ordem como "todo o cidadão tem direito à habitação", "aumentos não" ou "obras sim, aumentos não" e empunhando cartazes em que se podia ler frases como "se pago renda não como" ou "contra o aumento das rendas e suspensão dos despejos", os participantes começaram a reunir-se junto às escadarias, debaixo de chuva, pelas 14:30.
Referindo que os aumentos resultantes da nova lei das rendas "estão a ser brutais", a presidente do Instituto de Apoio aos Bairros Sociais (IBS), Daniela Serralha, promotora do protesto, destacou que a maior parte dos manifestantes "são reformados", que "trabalharam toda a vida e hoje se veem com reformas baixíssimas, de 300 euros, e com aumentos também na casa dos 300 euros".
De acordo com Daniela Serralha, alguns aumentos são na ordem dos 400% a 500%. "As pessoas não conseguem pagar as rendas, têm rendas atrasadas e estão a ser despejadas", alertou.
A presidente do IBS falou de casos de pessoas que "para pagar a renda não conseguem pagar nem os medicamentos nem comer".
"São pessoas que estão a viver de forma miserável no nosso país e ninguém fala disto", lamentou.
O IBS compreende que haja aumentos, "já que as rendas não eram atualizadas há 30 anos", mas estes "foram brutais, não estão a acompanhar a aqueda das reformas, quebra dos salários e o aumento do desemprego".
Além disso, referiu, há bairro há décadas que alguns bairros não têm obras, registando-se infiltrações e outros estragos.
"As pessoas levaram os aumentos sem obras nenhumas, sem motivo algum", disse.
O vereador da Habitação e Ação Social da Câmara do Porto, Manuel Pizarro, disse em março que há "1.160 agregados" familiares residentes em bairros municipais com rendas em atraso.
A Câmara de Viana do Castelo anunciou em fevereiro que iria contestar junto do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) os aumentos "brutais" das rendas, para mais do dobro, e a falta de obras nos três bairros sociais da cidade.
Também em fevereiro, a Assembleia Municipal do Porto aprovou uma proposta da CDU contra o "brutal aumento" das rendas de habitação social do Estado e pela sua atualização faseada e só após obras de requalificação.
A CDU recordava que o Estado possui "136 bairros e mais de 12.500 fogos a nível nacional", acrescentando que oito desses bairros e 1.362 fogos estão no Porto.