"O vinho de Carcavelos ainda está na memória de muitos estrangeiros, em particular na dos ingleses", disse o enólogo Tiago Correia à agência Lusa.
O início da popularidade remonta ao século XIX, quando o Duque de Wellington, que comandou as tropas anglo-portuguesas contra as invasões napoleónicas, levou de Portugal o gosto pelo vinho da região de Lisboa.
De acordo com registos históricos, o vinho de Carcavelos chegou mesmo a ser o mais exportado para Inglaterra, superando o vinho do Porto.
"Ainda é possível encontrar nas lojas de antiguidades gargantilhas de prata para garrafa com Carcavellos escrito com dois eles", revelou aquele responsável.
A autarquia quer aproveitar esta ligação para começar a exportar parte da produção, que ascende atualmente aos 50 mil litros anuais, embora a quantidade em comercialização esteja reduzida a apenas dez por cento devido ao processo de envelhecimento.
Desde 2001, a Câmara Municipal de Oeiras já investiu 2,5 milhões de euros na reabilitação da propriedade que antes pertenceu ao Marquês de Pombal, antigo Conde de Oeiras, e onde funcionava a antiga Estação Agronómica Nacional (EAN), entretanto integrada no Instituto Nacional de Recursos Biológicos.
Atualmente gere 12,5 hectares de vinha, metade do total dedicado à produção do vinho de Carcavelos, "um caso único entre municípios europeus", garantiu a vereadora para os Espaços Verdes, Madalena Castro.
"Precisamos de recuperar algum retorno do investimento, mas o objetivo não é ganhar dinheiro, é recuperar o património e promover a região", enfatizou.
Ainda assim, mantém o objetivo de atingir o equilíbrio entre despesas e receitas, em 2020.
Num ateliê sobre alguns dos vinhos em prova hoje, a crítica britânica Sarah Ahmed salientou a "elegância" e as características "únicas" do vinho de Carcavelos, que atribuiu à localização próxima do oceano Atlântico.
Embora ainda se tenha apresentado neste evento com garrafas rotuladas com a denominação de "Conde de Oeiras", a autarquia confirmou estar em marcha a alteração do nome para "Villa Oeiras" devido a uma decisão judicial.
O tribunal da Relação de Lisboa contrariou em fevereiro uma sentença anterior do Tribunal da Propriedade Intelectual e deu provimento a uma queixa de Sebastião Lorena, herdeiro do título de Conde de Oeiras, que reivindicou os direitos sobre o nome.
A exportação do Villa Oeiras para o Reino Unido surgiu da iniciativa do importador D&F. A Câmara Municipal de Oeiras afirma ter recebido também manifestações de interesse de distribuidores no Brasil e Estados Unidos da América.