“Em 2015 (ano de legislativas), com os números na mão, devemos exigir que todos os partidos nos digam como se propõem enfrentar os problemas do défice, da dívida e da sustentabilidade do Estado Social” porque “estamos fartos de aldrabões e de vendedores de ilusões”, escreve esta sexta-feira Miguel Sousa Tavares, no artigo que semanalmente assina no jornal Expresso.
Em causa está a entrevista do primeiro-ministro Passos Coelho, no início da semana à SIC, e na qual referiu, cita o escritor, “que o objetivo final das suas políticas é a eliminação do défice público e que o sistema de Segurança Social que temos não é financeiramente sustentável. Podemos todos discordar das soluções que ele defende (…) mas não podemos negar a sua existência, pois ela assenta em factos que só uma profunda desonestidade intelectual se atreve a escamotear”.
Miguel Sousa Tavares afirmou, por isso, que “nenhuma geração voltará a ter as condições de reforma que teve, por exemplo, a geração que se reformou entre 1990 e 2010, com direito a uma pensão correspondente aos melhores anos no ativo, vivendo melhor na reforma do que alguma vez viveram a trabalhar”.
Ainda assim, “é preciso saber qual é o mínimo que as gerações seguintes terão direito a esperar, e não é resposta aceitável dizer que o problema se resume aos cortes nas pensões dos que hoje estão reformados”.
O escritor e comentador defende, deste modo, que “não é aceitável e não é sério”, mesmo que, refere, “sirva para ganhar as eleições do ano que vem, mas é de uma profunda desonestidade e cobardia política”.
Sousa Tavares lamenta porém que durante a entrevista concedida à SIC, Passos Coelho tenha “deixado de fora ou passado ao lado” dos que são, na opinião do escritor, “os principais problemas que o país enfrenta hoje: os indecorosos números do desemprego; a tragédia de uma geração que não faz filhos e que emigra; o abandono do interior do país; e a questão mortal da dívida”. Facto que, acrescenta, deixa a "sensação deprimente de que ninguém pensa o país no futuro, ninguém quer saber o que vai ser a Europa e Portugal".
"De que viveremos amanhã? E quem viverá - como, de quê, com que riqueza e com que custos?", questiona no artigo que hoje assina no semanário Expresso com o título 'Verdades e Consequências'.