"Estamos fartos de aldrabões e de vendedores de ilusões"

O escritor Miguel Sousa Tavares dedica o artigo de opinião que hoje assina no semanário Expresso à entrevista que o primeiro-ministro concedeu, esta semana, à SIC. Sousa Tavares destaca, por exemplo, a questão da sustentabilidade do Estado Social, avisando que “nenhuma geração voltará a ter as condições de reforma que teve a geração que se reformou entre 1990 e 2010” mas exigindo que “os partidos digam como se propõem enfrentar” esse problema, porque, remata, “estamos fartos de aldrabões e vende

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Ana Lemos
18/04/2014 07:25 ‧ 18/04/2014 por Ana Lemos

País

Sousa Tavares

“Em 2015 (ano de legislativas), com os números na mão, devemos exigir que todos os partidos nos digam como se propõem enfrentar os problemas do défice, da dívida e da sustentabilidade do Estado Social” porque “estamos fartos de aldrabões e de vendedores de ilusões”, escreve esta sexta-feira Miguel Sousa Tavares, no artigo que semanalmente assina no jornal Expresso.

Em causa está a entrevista do primeiro-ministro Passos Coelho, no início da semana à SIC, e na qual referiu, cita o escritor, “que o objetivo final das suas políticas é a eliminação do défice público e que o sistema de Segurança Social que temos não é financeiramente sustentável. Podemos todos discordar das soluções que ele defende (…) mas não podemos negar a sua existência, pois ela assenta em factos que só uma profunda desonestidade intelectual se atreve a escamotear”.

Miguel Sousa Tavares afirmou, por isso, que “nenhuma geração voltará a ter as condições de reforma que teve, por exemplo, a geração que se reformou entre 1990 e 2010, com direito a uma pensão correspondente aos melhores anos no ativo, vivendo melhor na reforma do que alguma vez viveram a trabalhar”.

Ainda assim, “é preciso saber qual é o mínimo que as gerações seguintes terão direito a esperar, e não é resposta aceitável dizer que o problema se resume aos cortes nas pensões dos que hoje estão reformados”.

O escritor e comentador defende, deste modo, que “não é aceitável e não é sério”, mesmo que, refere, “sirva para ganhar as eleições do ano que vem, mas é de uma profunda desonestidade e cobardia política”.

Sousa Tavares lamenta porém que durante a entrevista concedida à SIC, Passos Coelho tenha “deixado de fora ou passado ao lado” dos que são, na opinião do escritor, “os principais problemas que o país enfrenta hoje: os indecorosos números do desemprego; a tragédia de uma geração que não faz filhos e que emigra; o abandono do interior do país; e a questão mortal da dívida”. Facto que, acrescenta, deixa a "sensação deprimente de que ninguém pensa o país no futuro, ninguém quer saber o que vai ser a Europa e Portugal".

"De que viveremos amanhã? E quem viverá - como, de quê, com que riqueza e com que custos?", questiona no artigo que hoje assina no semanário Expresso com o título 'Verdades e Consequências'.

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