"Não devemos nada aos capitães de abril"

O historiador Vasco Pulido Valente dá hoje uma entrevista ao jornal i, onde afirma que “não devemos nada aos capitães de abril. Zero”, porque estes “só sabiam vagamente o que estavam a fazer” quando instauraram um golpe de Estado, que acabou com a “ditadura conservadora”, que “não tocava nos interesses instalados” e contra a qual ninguém se insurgia.

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Notícias Ao Minuto
25/04/2014 07:26 ‧ 25/04/2014 por Notícias Ao Minuto

País

Vasco Pulido Valente

Assistiu à Revolução dos Cravos de perto, mas custou-lhe a acreditar que fosse ter sucesso. Um dia antes do 25 de abril de 1974, Vasco Pulido Valente jantou com João Bénard, que revelou: “Não contas a ninguém, mas amanhã vai haver uma revolução, uma insurreição militar, e desta vez ganhamos”.

A reação não foi a mais crente por parte do historiador, que imediatamente pensou: “São loucos”. Até ouvir na banda de rádio da GNR uma afirmação que nunca esqueceu: “É melhor acabarmos com isto senão isto ainda vai dar uma chatice”.

O homem que participou nas lutas académicas contra o Salazarismo tece, 40 anos depois, fortes críticas ao facto de ninguém se ter insurgido antes contra “a ditadura conservadora” que “não tocava os interesses instalados”.

Sobre os capitães de abril, lança severas farpas porque “essas pessoas não sabiam o que iam fazer depois, o plano não preparava o futuro. (…) Não lhes devemos nada. Zero. (…) Aquilo não tinha uma cabeça política e acabou por se reduzir ao plano operacional do Otelo, que também não tinha uma cabeça política”.

No dia em que se celebram os 40 anos da Revolução dos Cravos, Vasco Pulido Valente frisa que “a estupidez humana é infinita e a estupidez portuguesa ainda consegue ser maior”, referindo-se ao facto de ninguém na Europa se responsabilizar pela crise global e ao facto de “a esquerda andar por aí a dizer que há outras maneiras” de a resolver além do Tratado Orçamental, quando “não há”.

Mário Soares é, nesta entrevista, também alvo de críticas "por incitar à violência sabendo perfeitamente o que está a dizer", nas palavras de Vasco Pulido Valente.

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