Propostas devem ser realistas e evitar "falsas ilusões"

A Igreja Católica defende que as propostas dos candidatos às eleições europeias devem ser realistas e evitar "falsas ilusões", numa nota pastoral hoje aprovada na assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), em Fátima.

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Lusa
01/05/2014 17:03 ‧ 01/05/2014 por Lusa

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"Em breve começará a campanha eleitoral. Urge ser esclarecida a opinião pública a respeito dos programas partidários e das pessoas que se candidatam. A nossa democracia deve exigir de todos propostas realistas, geradoras de soluções concretizáveis, evitando falsas ilusões", lê-se no documento, intitulado "Votar por uma Europa melhor".

Aos eleitores cristãos, os bispos dizem que têm "o dever de não trair a sua consciência, iluminada pelos critérios e valores do Evangelho de Jesus", considerando que "importa, também agora, exercer a virtude da cidadania participativa, assumida como uma obrigação moral".

"Uma Europa melhor, que justamente desejamos, também depende de cada um de nós", refere a nota pastoral, que apela ao voto e alerta: "O absentismo é uma arma perigosa que facilmente acaba por penalizar quem a usa".

Admitindo que "é um sentimento comum experimentar a distância entre o nosso voto e as suas consequências práticas" e que "a Europa pode parecer uma entidade estranha, que está para além das nossas fronteiras e não nos diz diretamente respeito", os bispos reconhecem, igualmente, que, "por vezes, a onda de descrédito que atinge alguns setores políticos é tendenciosamente generalizada".

"Estas eleições, que marcarão o futuro da União Europeia nos próximos anos, devem ser encaradas como um momento privilegiado para colaborar na construção de uma Europa melhor", sustentam, notando que a "Europa é muito mais do que um espaço geográfico", é "uma comunidade de ideais e valores para a qual muito tem contribuído a fé cristã ao longo dos séculos".

"Numa visão realista do nosso Continente, dinamiza nos a esperança de uma Europa melhor, em que seja salvaguardada a vida humana desde a conceção até morte natural, em que o desemprego não pareça um mal inevitável mas um desafio a responder sem adiamentos, em que as fronteiras não se fechem à solidariedade com os povos maltratados política e economicamente, em que o diálogo inter-religioso e intercultural seja o caminho de sentido único para uma paz justa e duradoura, em que o capital não se arvore em governo autocrático mas sirva a pessoa humana e o bem comum", adianta o documento.

E "para cumprir este ideal" são precisos "políticos responsáveis e competentes", cabendo aos cidadãos a sua eleição.

Na conferência de imprensa que sucedeu à assembleia plenária, o presidente da CEP, Manuel Clemente, salientou que a Europa é "muito importante para a vida dos portugueses".

"Cá estamos para lembrar e, sobretudo, para consciencializar os nossos concidadãos (...) que isto não é também uma coisa acessória, é algo de fundamental que nos implica a todos. Nós não nos podemos queixar depois, se não participarmos antes", declarou.

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