A offshore Jared Financial era, segundo António Gomes, supervisor do Banco de Portugal, um “saco azul gigantesco” que servia para pagar prémios e remunerações, em numerário, a vários gestores do BPN, mas não só. O antigo futebolista Luís Figo e o ex-selecionador nacional, Luiz Filipe Scolari, foram outras das personalidades que receberam numerários oriundos da offshore.
As declarações, citadas pelo Jornal de Notícias, foram proferidas ontem no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, em Santarém. O ano passado, 12 arguidos foram condenados a pagar multas de cerca de dois milhões de euros, mas nove arguidos recorreram da decisão e agora desenrola-se o novo julgamento.
Segundo António Gomes, a offshore Jared Financial tinha como beneficiária a offshore Marizion que, por sua vez, era detida pela Sociedade Lusa de Negócios que detinha 100% do BPN.
Além de Figo e Scolari, os administradores Armando Pinto e Coelho Marinho receberam 300 mil e 600 mil euros, respetivamente. A offshore em causa servia também para pagar aos clientes os rendimentos das Contas de Investimento, contas estas que foram ocultadas do Banco de Portugal porque os bancos só se podem autofinanciar em 20%. Mas se as Contas de Investimento fossem dadas a conhecer, este financiamento seria muito superior.
Estas Contas de Investimento resultaram num prejuízo de 31 milhões, mas as perdas eram suportadas pela Jared Financial.