Há três anos a troika aterrava em Portugal. Um nome que se estranhou, num primeiro momento, mas que definitivamente se entranhou na vida de um país. Na vida de um povo.
Assinou-se o memorando de entendimento, foram feitas 12 avaliações ao programa de assistência financeira que resgatou o país, e hoje, para todos os efeitos, Portugal recupera parte da soberania perdida. Sai da alçada dos seus credores com uma almofada financeira, mas, talvez, à custa da perda da almofada social, pelo menos tal como os portugueses a conheciam. O país já não é o mesmo, tal como os seus cidadãos.
Foram três anos de sacrifícios em que se selou a promessa, sentida já na pele, de que nada será como antes.
Ao longo desta semana, o Notícias ao Minuto passou em revista as principais alterações que este resgate financeiro imprimiu em áreas chave da espinha dorsal do país. Da Educação à Saúde, passando pela Justiça eTrabalho, do fenómeno da emigração até às repercussões políticas, foram vários os temas que abordámos numa tentativa de perceber o que de facto mudou. Auscultámos ainda opiniões de protagonistas, especialistas, sem esquecer, ainda, a de anónimos.
Aqui fica um balanço geral no dia de dizer adeus.
Economia
No plano económico, há a registar, nestes últimos três anos de intervenção externa, falhas, metas que ficaram por cumprir, barreiras que dificultaram o trabalho do Governo, mas também algumas gorduras ‘queimadas’ e uma almofada financeira que permite sair de forma ‘limpa’ mas sem relaxar.
A opinião é do professor catedrático do ISEG, João Duque, que, em entrevista ao Notícias ao Minuto, avisou que “a austeridade” não só “vai manter-se” como, possivelmente, “até aumentar”. Todavia, sublinhou, agora o importante é, “sem estragar [o que foi feito], ir recompondo o corpo para voltar a crescer e repor os níveis de serviço público, satisfação global de forma sustentável, mas não à custa de um renascimento artificial”.
Ao mesmo tempo, e apesar da saída limpa anunciada por Pedro Passos Coelho, a verdade é que “não há motivos para suspirar de alívio” e que, passada a primeira meta, agora “é preciso juízo”, assinalou Duque.
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Educação
No campo da Educação, o Governo foi obrigado a cortar despesas e, simultaneamente, a aumentar a qualidade do ensino. Para isso, o ministro Nuno Crato e a sua equipa procederam ao encerramento de escolas, à diminuição do número de turmas e do número de professores, bem como ao aumento das horas de trabalho do pessoal docente.
Com estas medidas, o Ministério da Educação e da Ciência conseguiu reduzir os custos com a educação em vários milhões de euros, mas nem todos ficaram satisfeitos. Os professores foram ao longo dos últimos anos o rosto da insatisfação dos portugueses, tendo sido várias as lutas travadas em prol da defesa do futuro da Educação, que consideram estar a ser posta em causa.
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Emigração
Numa altura em que a escassez laboral era cada vez mais notória, foram muitos os que procuraram uma alternativa além-fonteiras. Centenas de milhares de portugueses abandonaram o país nos últimos anos: uns à procura de sustento financeiro, outros em jeito de fuga ao futuro cinzento que se avizinhava.
A emigração jovem atingiu números consideráveis e a já tão denominada ‘fuga de cérebros’ marcou uma era em que a geração mais formada de sempre não encontrou espaço nas empresas nacionais.
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Justiça
Durante os três anos em que Portugal esteve ao comando da troika, a área da Justiça foi a primeira a conseguir 'livrar-se' do programa de ajustamento, mas sem antes ter reformado por completo o sistema judicial. Desde a elaboração de um novo mapa judiciário, a uma agilização dos processos pendentes, todos foram obrigados a cavalgar a 'onda' da troika.
Ouvida pelo Notícias ao Minuto, a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, fez, porém, questão de reconhecer o esforço de todos. "Fomos forçados a ultrapassar enquanto povo, e isto só nos deve a todos orgulhar, pois representa a esperança no futuro e é o sinal de que quando queremos sabemos fazer tão bem ou melhor que os outros", enalteceu a governante.
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Política
Desde que Pedro Passos Coelho tomou posse como primeiro-ministro juntamente com Paulo Portas, muitos foram os obstáculos e crises que o Executivo teve de enfrentar.
Durante os últimos três anos, os portugueses assistiram a demissões irrevogáveis, ao surgimento de buracos desconhecidos e a uma das maiores manifestações da sua história. Fecha-se agora um capítulo de uma história que ainda tem muito por escrever e para depois contar.
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Saúde
As ‘gorduras’ do Estado na área da saúde estão perigosamente perto do ‘osso’. Três anos depois, a despesa com medicamentos é menor, mas há utentes para quem uma simples consulta passou a ser uma questão de escolha entre o que o corpo pede e o que a carteira pode pagar.
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Trabalho
A troika deixa para trás um país com um mercado de trabalho mais flexível, mas com menos direitos para os trabalhadores.
As opiniões divergem: uns consideram que havia uma necessidade perentória de ajustamento, assumindo, contudo, que o que aconteceu foi injusto para os portugueses, outros entendem que despedir continua a ser muito complicado, e outros ainda consideram que as dificuldades dos trabalhadores se agravaram (e muito), estando obrigados a vestir um colete-de-forças na hora de ir para o local de trabalho.
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