Os jovens portugueses são cada vez menos independentes e a culpa é dos próprios pais. A conclusão é retirada de um estudo da autoria de Rita Cordovil, Frederico Lopes e Carlos Neto, da Faculdade de Motricidade Humana, de Lisboa, hoje divulgado pelo Expresso.
No estudo, efetuado a um milhar de alunos do 3º ao 1.º ano, de 16 escolas de todo o país, entre 2011 e 2012, os investigadores verificaram que os baixos níveis de independência de mobilidade entre as crianças portuguesas tende a agravar-se. Tudo isto, devido ao excesso de zelo dos seus pais, que pelo contrário, usufruíam de uma independência muito maior na altura em que eram mais jovens.
Assim, as crianças vão cada vez menos sozinhas para a escola, sendo os pais a encaminharem-nas até lá, na maioria dos casos de carro. Também no que diz respeito às atividades de tempo livre, os pais impedem cada vez mais as crianças de andarem sozinhas na rua, preferindo que estas se mantenham seguras entre as quatro paredes da casa, onde o seu maior entretenimento acaba por estar relacionado com as novas tecnologias.
A culpa está no facto de estes pais darem demasiada atenção e generalizarem em demasia “determinados acontecimentos noticiados nos media”, relacionados com o trânsito, a falta de tempo ou a ideia de que as distâncias são muito grandes.
Esta situação acaba por acontecer também aos fins de semana, altura em que os alunos do 3º ao 6º ano tendem a fazer apenas uma atividade fora de casa e sem o acompanhamento de adultos e os mais velhos duas. Quando estão com os pais a principal atividade realizada entre pais e filhos é a ida às compras, seguida da ida à casa de um familiar ou adulto.
De acordo com o estudo, os pais valorizam cada vez mais as capacidades cognitivas dos filhos ao invés das competências motoras, espaciais, criativas e lúdicas.