“O Ministério da Saúde pensa que pode resolver os problemas por decreto, sentado confortavelmente na sua secretária e que os médicos de família podem fazer tudo, como se o dia tivesse 36 horas”, atirou o bastonário da Ordem dos Médicos em reação à mais recente decisão da Entidade Reguladora da Saúde (ERS).
Em causa está a informação avançada esta manhã pelo Diário de Notícias (DN) que dá conta da intensão do Governo em acabar com o número de vagas para as consultas nos centros de saúde, de modo a que os utentes deixem de ir para as unidades de atendimento de madrugada para conseguir uma consulta médica.
À Rádio Renascença, José Manuel Silva acusa o Governo de não saber o que está a fazer e descreve esta medida como “não exequível”, uma vez que o médico de família conta já com “uma lista de 1900 utentes, que já é acima daquilo que é possível gerir com qualidade para um único médico de família”.
“Não é só a obrigatoriedade de ver todos os doentes que apareçam, é a obrigatoriedade de fazer medicina do trabalho, é a obrigatoriedade de fazer medicina física e reabilitação… É o médico de família que faz tudo”, frisou o bastonário.
De acordo com a decisão da ERS, baseada numa análise realizada no ano passado, os centros de saúde passam a ser obrigados a atender, no próprio dia, todos os doentes urgentes que peçam uma consulta, sob a pena de uma multa até 45 mil euros.