Ainda que seja raro o crime isolado de tráfico de menores em Portugal, a sua localização e proximidade cultural com países africanos e sul-americanos faz com que seja uma mais-valia enquanto plataforma ou ponto de passagem.
De acordo com o Expresso, nos últimos quatro anos foram sinalizadas em Portugal 95 crianças vítimas de tráfico humano, na sua maioria estrangeiras, com nacionalidade guineense, romena, nigeriana e brasileira.
Estas crianças (duas ou três de cada vez) chegam, geralmente, aos aeroportos portugueses acompanhadas de adultos, que se fazem passar por familiares, como comprovam os falsos documentos que trazem consigo. Só posteriores testes de ADN comprovam que a informação é falsa e indiciam tratar-se de vítimas de tráfico.
O crime está a ser investigado pelas autoridades portuguesas e angolanas, que têm na mira uma rede de tráfico humano que usa Portugal como ponto de passagem para chegar a países como França, Bélgica, Holanda e Alemanha.
“Há a certeza de que a base da rede é em Luanda. É aí que se angaria e organiza a vinda de menores para a Europa, com passadores de ocasião que aceitam, a troca de muitos milhares de dólares, fazer a viagem com documentação falsa”, contou uma fonte policial do processo ao Expresso.
O que ainda não se sabe é o destino dado a estas crianças. “Geralmente é para exploração sexual ou laboral, mas neste caso a hipótese mais forte é a integração em famílias, espécie de adoção ilegal, que recebem de forma fraudulenta benefícios fiscais por terem menores a cargo”, acrescentou.