Alunas do 11º ano criam roteiro turístico para invisuais

Alunas da Escola Profissional de Espinho foram premiadas pela Fundação da Juventude por um projeto que se propõe criar no Porto um roteiro turístico para invisuais e vão agora disputar essa proposta com outros jovens inovadores europeus.

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Lusa
09/07/2014 16:00 ‧ 09/07/2014 por Lusa

País

Porto

Em causa está o projeto "Blind Senses [Sentidos Cegos]", com que Ana Lopes, Caroline Alves, Diana Lago, Liliana Oliveira e Sofia Oliveira, alunas do 2.º ano do Curso Profissional de Técnico de Turismo, venceram a competição de ideias inovadoras em contexto de "Turismo e Mobilidade".

Patrícia Martins é a docente que orientou o projeto e, em declarações à Lusa, realça que o "Blind Senses" nasceu da sensibilidade das próprias estudantes, que, após a sua pesquisa, "detetaram uma lacuna na oferta turística do Porto, que é o facto de não haver roteiros para este tipo específico de público".

"Hoje em dia dá-se muito destaque às sensações no que se refere a spas, programas de bem-estar ou gastronomia, mas a realidade é que não se explora isso na perspetiva das pessoas que, por não terem visão, até têm os outros sentidos mais apurados", explica a professora.

Ana Lopes, porta-voz as autoras do projeto, confirma que o objetivo do grupo era "criar algo diferente, que incluísse todo o tipo de turistas e permitisse que os não podem ver pudessem conhecer na mesma o Porto, nas suas diferentes formas".

A parte mais divertida na concretização dessa proposta foi "experimentar as coisas de olhos fechados", como se as cinco estudantes fossem invisuais, e a mais dececionante foi cortar no número de itens inicialmente previsto para o roteiro, "ou porque tinham acessibilidades difíceis, ou porque eram muito caros".

Ana Lopes garante que o roteiro definitivo propõe, ainda assim, "experiências muito boas", como a degustação de uma francesinha num estabelecimento reputado, para potenciar a descoberta de uma das maiores tradições da cidade ao nível do paladar.

Já no que se refere à audição e ao olfato, por exemplo, o percurso do "Blind Senses" inclui passagens pela Praça da Ribeira, para vivência do Douro, e continua pelo Mercado do Bolhão, onde Patrícia Martins diz que se irá apreciar "o aroma das frutas, das flores, e também o bulício próprio da clientela e os pregões dos comerciantes".

O tato, por sua vez, estará em destaque na Igreja de S. Francisco, onde os turistas invisuais à descoberta do Porto terão oportunidade de tocar a talha dourada e sentir as pedras dos claustros, numa experiência potenciada "por luvas de algodão".

Terá sido por esses e outros detalhes que o júri da Fundação da Juventude distinguiu o Blind Senses. "[O projeto] foi escolhido por unanimidade pela sua criatividade, inovação e exequibilidade", lê-se no site desse organismo. "É inclusivo, criativo e de fácil implementação, tendo as alunas feito uma abordagem muito profissional e com pleno domínio dos conteúdos", acrescenta.

A disponibilização efetiva deste circuito está dependente, contudo, da sua dinamização por empresas entidades do setor do turismo e hotelaria. Patrícia Martins revela que o projeto já foi apresentado a algumas empresas, mas desconhece ainda o que possa vir a resultar desse contacto.

Certo é que, no arranque do próximo ano letivo, as autoras do Blind Senses começarão a preparar a sua participação no concurso em que o projeto premiado pela Fundação da Juventude "deverá competir com as propostas que venceram em Espanha e Itália" - os países que, com Portugal, integram o cluster Sea Cities [Cidades Marítimas].

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