Um estudo realizado em Portugal mostra que há jovens que ficam desconfortáveis ao pensar que poderão fazer falta no seu local de trabalho ou sobrecarregar os colegas. Este sentimento de culpa começou nos EUA, mas ao que tudo indica já chegou também a Portugal, noticia o jornal i.
Um inquérito realizado este ano pela Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional (APPSO) a uma amostra de 3.619 trabalhadores revela que sete em cada dez, nascidas entre 1982 e 1993, dizem sentir um vazio ao ir de férias. Já os mais velhos questionados apenas 4% confessam sentir este sentimento.
Quanto ao descanso só é sinónimo de liberdade e bem-estar para 14% dos jovens, em comparação aos 89% dos mais velhos. E só 6% dos mais novos encara as férias como uma forma de repor energias.
Alguns jovens afirmam que estão satisfeitos a trabalhar e para recarregar energias não necessitam de férias.
De acordo com o estudo, 81% dos inquiridos disse encarar as férias como “um tempo de improdutividade com complicações profundas na sua atividade”. Oito em cada dez jovens trabalhadores dizem que quando são obrigados a tirar férias sentem que não o queriam fazer, contra um em dez dos trabalhadores mais velhos.
Talvez a mudança de mentalidade quanto à constituição de família seja um dos fatores que expliquem esta situação, pois só 20% vê nas férias uma oportunidade para rever os planos quanto à vida pessoal e familiar. O medo de perder o trabalho é também uma das justificações para esta reticência em parar.
“São uma geração muito mais voltada para o trabalho como forma de prazer e por isso mesmo o termo férias e o que elas representavam está fora da sua linha de pensamento do que é exercer uma atividade laboral”, disse o diretor-executivo da APPSO, João Paulo Pereira.