A escola de verão "Codificação para comunidades linguísticas" vai trabalhar na criação de respostas para a falta de hardware em línguas ameaçadas (por exemplo, teclados) e software (para transliteração e completação de texto, por exemplo) "para que os mais diversos idiomas possam ser utilizados no dia-a-dia sob recursos adequados", disse à Lusa a presidente do Centro Interdisciplinar de Documentação Linguística e Social (CIDLeS).
Segundo Vera Ferreira, "das cerca de 7.000 línguas faladas atualmente no mundo uma língua morre, em média, por mês", o que se deve, segundo a linguista, a uma "forte tendência de aprender e usar apenas as principais línguas, como inglês, alemão e francês, especialmente nas comunicações eletrónicas".
O objetivo da escola de verão "é dar às pessoas a capacidade de usar a sua língua materna na comunicação eletrónica de todos os dias", enfatizou, lembrando que o minderico, língua em extinção em Minde, tem hoje cerca de 100 falantes ativos, dos quais apenas 24 são falantes fluentes.
"É um exemplo de uma língua que está ameaçada e que necessita de novas ferramentas que a protejam e defendam, mantendo-a e expandindo-a por novas vias de comunicação", disse.
A decorrerem entre os dias 11 e 15 de agosto e 18 e 23 de agosto, os cursos vão decorrer na Quinta da Malgueira, em Minde, e vão contar com a participação de mais de 70 alunos, investigadores e professores de países como o Japão, Austrália, Camarões, Índia, Noruega, Nigéria, Alemanha, Islândia e Estados Unidos da América.