"Temos todos culpa da situação do país, não somos humildes"

O fadista Carlos do Carmo lança esta quarta-feira, em entrevista ao Diário Económico, um alerta a todos os artistas para que se unam e avisa as elites políticas de que ?quando virem os jovens na rua a sério, isto vai mudar?. Sobre a situação do país, não tem dúvidas em declarar que ?temos todos culpa, não somos humildes?.

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Ana Lemos
13/08/2014 09:05 ‧ 13/08/2014 por Ana Lemos

País

Carlos do Carmo

O afastamento provisório do músico Rui Veloso serve de mote para o arranque da conversa do Diário Económico com o fadista Carlos do Carmo que revela não se sentir desiludido com o país mas assume ter “profundos momentos de tristeza” porque, diz, “não há direito de humilhar tanta gente.  Não me venham com rábulas”.

“Não é cada um para seu lado a tomar decisões. Vamo-nos juntar e usar a força que temos, que não é pouca. Não vou usar a palavra Povo, que está gasta. A população desta terra gosta de nós. Vamos usar essa força”, apela Carlos do Carmo a todos os artistas, sustentando que “não somos um verbo de encher”.

Na opinião do fadista, manifestada nesta entrevista ao Diário Económico, “não basta ganhar a vida. Não basta. O povo é generoso. Paga o ingresso, paga o artista. Tudo bem. Não tem inveja de que o artista tenha uma casa boa. Mas o artista tem de estar atento a tudo o que se está a passar à sua volta e não é possível dar esmola a uma pessoa, completamente envergonhada no meio da rua, que olho e vejo que não estava habituada a pedir esmola e precisa do dinheiro para comer. Isso é uma coisa insuportável. É de uma grande indignidade”.

“Temos todos culpa, não somos humildes. Ninguém quer assumir a sua parte. A coisa mais fácil é dizer: os políticos, os políticos, os políticos”, refere Carlos do Carmo, esclarecendo que até conhece “políticos decentes, não são muitos, mas conheço, têm sentido de serviço público” e “estão em vários partidos, num leque alargado”. Mas, acrescenta, “gente decente são agulhas em palheiro”.

E qual é a saída para esta situação? “Quando [as elites] virem os jovens na rua a sério, isto vai mudar. (...) As elites políticas ou ganham juízo ou pode-lhes acontecer alguma coisa de muito desagradável”.

Parafraseando Fidel Castro, o fadista português, que recentemente foi galardoado com um Grammy, remata: “’Não tenham medo da guerra nuclear, os ricos não querem morrer’”.

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