Perto de mais de metade dos casos de maus-tratos físicos proveio de situações de violência doméstica (43,4%). Ainda no ano passado, as comissões de proteção de menores abriram 1.732 processos por maus-tratos, uma média de cinco casos por dia, noticia o Jornal de Notícias, que segundo o relatório anual de atividade da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (CNPCJR) revela que as idades mais afetadas variam dos 11 aos 14 anos (503) e dos 6 aos 10 anos (494).
No caso das crianças até aos 5 anos, foram abertos 398 processos, sendo que 40,7% correspondeu a crianças com menos de dois anos, como aconteceu com a pequena Leonor, bebé que morreu queimada em água a ferver, suspeita de ser vítima de maus-tratos há algum tempo.
Estes números revelam que os casos têm vindo a diminuir desde 2007, sendo que passaram de 8,9% para 5,5% no ano passado. No entanto, esta é a sexta razão para os processos abertos, liderados pela exposição a comportamentos desviantes e pela negligência.
Teresa Montano, psicóloga clínica e membro da CNPCJR, garante que o número de casos sinalizados “é a ponta do icebergue” e refere que o número de processos instaurados tem vindo a aumentar (30.344 em 2013, mais 195 do que em 2012), o que significa que há uma maior sensibilidade neste tema, as pessoas já começam a denunciar estas situações.
E quanto à diminuição no número de processos de maus-tratos físicos “pode ser um indicador de que as pessoas estão mais informadas e conscientes de que o recurso à punição física é crime”, indica a psicóloga.